quinta-feira, março 02, 2006

Impotência.

"A impotência é o pior sentimento humano", disse alguém. Não conseguir algo é diretamente correlacionado com a idéia de fracasso. E como poderia ser diferente? Não poder é não realizar. Sem realizações não há satisfação do ego.

Mas por que temos que fazer diferença no mundo? A impotência foi criada pelos homens justamente por sermos os únicos animais terrestres cujas pretensões vão muito além da sobrevivência. Trocamos poderes por deveres.

O que poderia ser feito passa a dever ser feito. A sociedade requere. Mas muito mais importante, muito mais íntimo: nós mesmos requeremos.

E aí está o problema: sentimo-nos mal quando não podemos justamente por acharmos que devemos ser, fazer e conquistar tudo. Somos impotentes, todos nós. É impossível conseguir tudo a própria idéia de conseguir tudo é um tanto imbecil. Mas mesmo assim, somos eternos fracassados.

É claro que achamos (ou, muito mais apropriado, inventamos) um poderosíssimo remédio para a impotência. E olha que nem estou falando do Viagra ®. Falo do dinheiro. Virtualmente tudo pode ser comprado por ele, e assim pode-se conseguir virtualmente todas as vontades mundiais. Podemos enfim ser (virtualmente) felizes. Pelo menos até a próxima desilusão.

A culpa talvez seja de nossos pais, que nos mimam, nos protegem, nos dão tudo que queremos. Será? Mesmo quem teve pouco dado pelos pais, e talvez até principalmente estes, sentem a impotência desde pequenos. Impotentes por terem menos do que os garotos estragados? Talvez. Impotentes por perceberem que o mundo é enormemente grande e nós somos minúsculos? Talvez.

Às vezes, queremos algo apenas para evitar a sensação de que não conseguimos este algo. Uma busca incessável pela não-impotência, como as garotas impossíveis de se conquistar dos filmes americanos, no eterno jogo de conquista-coração-foge-conquista-outro-coração e por aí vai.

Mas este sentimento está aí e nada podemos fazer contra ele. E se você não fica triste de saber disso, parabéns: você não está tão perto das garras da impotência.

Tenham todos um bom dia, se puderem.

PS: Ah, sim. Eu não estava muito motivado a escrever esse texto. Ou melhor, transcrever o modificando diretamente de meu caderno. Mas eu li na tela do blogger "Criar Postagem" e, por alguns instantes, li "Criar Coragem". Foi divino!

6 comentários:

  1. Se tem alguém pra falar de impotência (não, não sou brocha...acho XD) esse alguém sou eu. Você sabe muito bem o porquê, não vou colocar os pormenores. O que tenho a dizer é que nem sempre se sentir impotente é ruim. Como não? Simples, isso impulsiona você a desenvolver seu potencial. Claro, nem sempre é assim, algumas vezes (muitas) nós desistimos antes de tentar novamente. Pense na falta de poder como um desafio, um obstáculo. Se ele não puder ser transposto agora, tente mais tarde. Se cair denovo, tente novamente. Um dia vai conseguir, tem que conseguir. Se não conseguir é porque não deu o bastante de si. Pode ser que o melhor de você não seja o melhor para a situação. Mas quem disse que existe limites para algo? Principalmente para os er humano. SOmos nós quem fazemos nossos limites. Somos nós que nos sentimos impotentes. Somos nós quem podemos mudar isso. :D

    ResponderExcluir
  2. é verdade.

    e essa mesma sociedade te joga pra baixo. Esmaga, sufoca, mata. Contra a própria impotência, procura os pontos fracos, meticulosamente.

    e, muitas vezes usa sua própria ferramenta - o dinheiro - para te empurrar pra baixo. é a febre do consumismo, onde os mais pobres são menos capacitados e os mais ricos correrram mais atrás.

    justo? talvez - principalmente se fosse verdade.

    mas sejamos justos... a impotência é um sentimento humano, uma sensação. É verdade que a sociedade o usa da pioir maneira possível, assim como com tantos outros, mas é natural.

    talvez a prova seja o que chamamos de amor. afinal o não-amar quase sempre é visto por nós como erro próprio, como defeito.

    é realmente desilusão - e mentira - mas acredito que dessa não conseguimos fugir.

    ResponderExcluir
  3. deixa a vida me levar
    vida leva eu...

    ResponderExcluir
  4. Talvez tenha sido pelo fato da sua falta de motivação, mas seu estilo anda ficando cada vez mais parecido com Veríssimo.

    ResponderExcluir
  5. Bem melhor ser comparado com o Veríssimo, que é bom e ganha grana, do que com o Paulo Coelho, que é ruim e ganha mais dinheiro ainda.

    Além do mais, ultimamente minhas leituras estão bem reduzidas, então estou meio livre de influências. Os textos vão adquirindo vida própria, fazer o que.

    Mas isso do Veríssimo era pra ser um xingamento? Ou era pra querer dizer que eu estou copiando o cara (já que você disse que podia ser que eu estava sem inspiração)?

    Que absurdo! :O

    ResponderExcluir