"o que tá acontecendo?"
disse, diante da fila enorme, lara
"parece que a atriz, a protagonista, está doente"
, uma voz solta no embolado de gente
"como assim? mas é um filme!"
burburinhozinho
"ela está doente!"
lara encara pèzinhos no chão
"mas é um filme! não importa se a atriz está doente!"
em roda alguns em torno dela
"não importa? o filme não existe sem ela!"
sobrancelha prum lado e proutro
"não é assim que funciona... ela já está no filme, irremediavelmente"
"isso é o que você acha"
"eles não vão deixar a gente entrar!"
"burra, burra, burra!"
laralari, laralará, que tal, que tal, como pode, o que fazer?
"malucos!"
sexta-feira, junho 25, 2010
segunda-feira, junho 14, 2010
quarta-feira, junho 09, 2010
Debaixo do edredom.
"O que você tá procurando? Não, isso é minha perna! E esse é meu braço, minha mão, meu rim... Não, aí não, não é assim! Para, Ludo, para! Que coisa, me responde: o que você quer aí? Já chega de brincadeira, essa sua mão que roça em tudo, cheia de mimimistérios e por aí fora! Não, Ludo, essa é minha bacia e isso faz cócegas! ... Ai!"
Ludovico achou a chave.
Ludovico achou a chave.
terça-feira, junho 01, 2010
Um tributo à narrativa, ou: chega de RPG, meninada.
Campo devastado pelas infindáveis guerras entre os reinos de Hixhel e Pan Lestwing, faixa de terra ingrata, ruína humana. De armadura prateada-reluzente e a experiência de milhares de combates e mortes pesando ainda sobre suas ombreiras, Jacques de Lacotédroi brandia sua Língua-de-Fogo, espada encantada com o poder flamejante, contra os infieis desarmados. Não havia nenhuma questão moral ou política para ele, fazia o que fazia para se tornar mais forte e rico, e se, naquele momento, atacava civis, era só porque seus verdadeiros adversários, fortemente armados e tremendamente treinados, escondiam-se em algum lugar. Eram covardes.
Jacques elevou sua espada acima de sua cabeça e da dele e, num só movimento, decapitou um jovem caído no chão, que arregalara os olhos quando o percebera se aproximando. A Língua-de-Fogo, em seu movimento descendente, carbonizava os ferimentos feitos por ela mesma: mortes limpas. O jovem não gritou. 73, calculou o guerreiro.
Jacques olhava ao redor quando percebeu um movimento suave por trás de uma pequena moita. Farejou no ar o medo de uma mãe que protegia seu filho. "Bem, mãe ou não, vai levar um bom golpe na nuca e fugir desse mundo horrível que não vale nada, mesmo", conjeturava durante a breve caminhada até lá. A Língua-de-Fogo pendurada na mão esquerda, como ensinam a fazer ao se aproximar de um leão.
"Pois saia daí de trás, mulher!", rugiu Jacques, preparando-se para o golpe de misericórdia. Levantou-se detrás da moita uma jovem morena, linda, vestida com belos panos coloridos que escondiam e revelavam tudo na medida certa. Seus olhos vermelhos e furiosos encaravam o guerreiro de tal forma que ele sentiu todo seu braço se paralisar, sua respiração repentinamente estacou. Jacques havia sonhado com aquela moça carregando em seus braços um bebê mestiço, todos os três sorrindo. De fato, havia um volume envolto em pano nas mãos da jovem.
"O que é isso?", tremulou a voz do guerreiro; a jovem, agora um pouco menos assustada, talvez até menos do que Jacques estava agora, ergueu lentamente o embrulho em suas mãos, mostrando o que havia lá: era um lindo bebê, embora nada mestiço. Jacques baixou a espada, lentamente, afinal, para que tudo aquilo? Para nada, não valia para nada.
A moça começou a balbuciar algo totalmente incompreensível, como para si mesma. Jacques largou de todo sua espada e, tomando coragem única em sua vida, aproximou-se da garota, tentando não se sentir patético, imundo, isto é, tentando fingir que não era ele mesmo. A moça lhe sorriu um sorriso pálido e lhe entregou seu filho. Jacques de Lacotédroi nunca se sentira verdadeiramente feliz como naquele momento. A jovem tornou a balbuciar algo, sua língua tremulante, seu lábio rápido, o rosto tenso de concentração. O bebê encarava o guerreiro com intensidade, seriíssimo.
Jacques de Lacotédroi ia se explicar, dizer que não entendia o que ela dizia e que sentia muito, muito, por tudo que fizera, mas num só átimo, antes de quaisquer explicações, o balbuciar se tornou gritar e o gritar se tornou uma gigantesca bola de fogo, conjurada pela jovem das chamas do Inferno, engolindo os três em uma explosão perfeitamente linda e brilhante.
Tamanha explosão mataria qualquer ser humano e, assim, lá estavam a mulher e o filho totalmente carbonizados e irreconhecíveis no chão; cheiro de queimado terrível. Jacques, no entanto, experiente na arte de matar e de evitar ser morto, cavaleiro de último nível, de potências épicas, estava lá, quase intato. Levantou-se com dificuldade, encarou a suicida no chão por um pouco de tempo. Deu de ombros, dirigiu-se até sua espada no chão.
A Língua-de-Fogo brilhava intensamente; absorvera parte da chama do derradeiro sacrifício e se tornara ainda mais poderosa, ainda mais... quente. Na verdade, Jacques podia sentir as almas da moça e do bebê presas naquele artefato, tornando-se força violenta e incontrolada. Espada em punho, partiu em direção ao horizonte.
Matou-se pulando de um penhasco.
Jacques elevou sua espada acima de sua cabeça e da dele e, num só movimento, decapitou um jovem caído no chão, que arregalara os olhos quando o percebera se aproximando. A Língua-de-Fogo, em seu movimento descendente, carbonizava os ferimentos feitos por ela mesma: mortes limpas. O jovem não gritou. 73, calculou o guerreiro.
Jacques olhava ao redor quando percebeu um movimento suave por trás de uma pequena moita. Farejou no ar o medo de uma mãe que protegia seu filho. "Bem, mãe ou não, vai levar um bom golpe na nuca e fugir desse mundo horrível que não vale nada, mesmo", conjeturava durante a breve caminhada até lá. A Língua-de-Fogo pendurada na mão esquerda, como ensinam a fazer ao se aproximar de um leão.
"Pois saia daí de trás, mulher!", rugiu Jacques, preparando-se para o golpe de misericórdia. Levantou-se detrás da moita uma jovem morena, linda, vestida com belos panos coloridos que escondiam e revelavam tudo na medida certa. Seus olhos vermelhos e furiosos encaravam o guerreiro de tal forma que ele sentiu todo seu braço se paralisar, sua respiração repentinamente estacou. Jacques havia sonhado com aquela moça carregando em seus braços um bebê mestiço, todos os três sorrindo. De fato, havia um volume envolto em pano nas mãos da jovem.
"O que é isso?", tremulou a voz do guerreiro; a jovem, agora um pouco menos assustada, talvez até menos do que Jacques estava agora, ergueu lentamente o embrulho em suas mãos, mostrando o que havia lá: era um lindo bebê, embora nada mestiço. Jacques baixou a espada, lentamente, afinal, para que tudo aquilo? Para nada, não valia para nada.
A moça começou a balbuciar algo totalmente incompreensível, como para si mesma. Jacques largou de todo sua espada e, tomando coragem única em sua vida, aproximou-se da garota, tentando não se sentir patético, imundo, isto é, tentando fingir que não era ele mesmo. A moça lhe sorriu um sorriso pálido e lhe entregou seu filho. Jacques de Lacotédroi nunca se sentira verdadeiramente feliz como naquele momento. A jovem tornou a balbuciar algo, sua língua tremulante, seu lábio rápido, o rosto tenso de concentração. O bebê encarava o guerreiro com intensidade, seriíssimo.
Jacques de Lacotédroi ia se explicar, dizer que não entendia o que ela dizia e que sentia muito, muito, por tudo que fizera, mas num só átimo, antes de quaisquer explicações, o balbuciar se tornou gritar e o gritar se tornou uma gigantesca bola de fogo, conjurada pela jovem das chamas do Inferno, engolindo os três em uma explosão perfeitamente linda e brilhante.
Tamanha explosão mataria qualquer ser humano e, assim, lá estavam a mulher e o filho totalmente carbonizados e irreconhecíveis no chão; cheiro de queimado terrível. Jacques, no entanto, experiente na arte de matar e de evitar ser morto, cavaleiro de último nível, de potências épicas, estava lá, quase intato. Levantou-se com dificuldade, encarou a suicida no chão por um pouco de tempo. Deu de ombros, dirigiu-se até sua espada no chão.
A Língua-de-Fogo brilhava intensamente; absorvera parte da chama do derradeiro sacrifício e se tornara ainda mais poderosa, ainda mais... quente. Na verdade, Jacques podia sentir as almas da moça e do bebê presas naquele artefato, tornando-se força violenta e incontrolada. Espada em punho, partiu em direção ao horizonte.
Matou-se pulando de um penhasco.
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