sexta-feira, dezembro 29, 2006

O melhor texto que já escrevi.

Ele a saudou com um beijo na boca, enquanto deslizava sua mão pelas costas, pela cintura e por aí.

- É o melhor texto que já escrevi - Ele levantou a mão com que cariciava o corpo d'Ela, e havia duas folhas de papel em sua mão.
- Uhn... E o quê vai fazer com ele? - Ela sussurrou em seu ouvido.
- Eu não sei, eu não sei! - o escritor distanciou-se um pouco sobressaltado, olhou bem para o corpo da garota a sua frente - Talvez eu não faça nada.
- Não sabe o que fazer depois de alcançar o ápice? - sorriu Ela meio ironicamente, meio brincalhona.
- Claro que sei! Eu tenho que escrever algo melhor! Mas... não dá!
- Você acabou de escrever isso.

Ele estendeu a mão e os papéis para a cara dela.

- 15/11/96? Quinze de novembro de noventa e seis? O seu melhor texto tem mais de 10 anos?
- Eu sei que é patético...
- Mas... e tudo que você escreveu até hoje? - enquanto falava, Ela passava a mão vagarosamente pelo rosto barbado d'Ele.
- Lixo.
- E por que só agora? Por que nunca me mostrou isso antes?
- Eu nunca tive coragem de assumir que eu nunca conseguirei escrever algo melhor do que essa bosta. Eu... você... Perde todo o senso de evolução, sabe?
- Ah...

Ele se distanciou mais e foi até o banheiro, com passos sussurrantes e breves.

- Olha, leia o texto enquanto eu tomo uma ducha. Você pode decidir o que fazer com ele, ou sei lá o quê.
- Tá certo - Ela lançou um olhar melancólico para ele, e então lançou um olhar melancólico para o texto, que retribuiu mostrando suas palavras de forma melancólica para Ela.

Ela terminou de ler. Bateu na porta do banheiro.

- Ei... isso é só um emanharado de palavras aleatórias misturadas! Isso não é seu melhor texto! - Toc toc toc mais nervoso - Carlos, Carlos, abre essa porta!

Ela suspirou. Ele devia estar passando por uma daquelas crises dos escritores que escrevem mais ou menos bem. Era estupidez se entristecer muito com isso, já que ele tinha uma vida boa e divertida, apesar de ter apenas habilidades suficientes para vender o suficiente para levar uma vida boa e divertida.

- Abre isso agora, Carlos.

Ela pegou uma cadeira e lançou contra a porta. A cadeira bateu e voltou, machucando-a no pé.

- Porra, abre isso!

Ia chamar os bombeiros quando o interfone tocou:

- Dona Lúcia... desce aqui embaixo... é... uma...

Ela largou o interfone e olhou pela janela. Havia algo no chão. Algos no chão, a 16 andares de distância.

Horrorizada, percebeu que eram pedaços de corpo e muito sangue.

Quando finalmente desceu e observou os pedaços de seu namorado e também cliente de sua Editora, horrorizou-se de verdade.

Havia algo escrito por quase todo o corpo do falecido escritor. Eram palavras aleatórias, misturadas na confusão do sangue por todos os lados.

Era o melhor texto da vida d'Ele. Era o melhor texto de sua morte. Seria o texto de seu epitáfio.

E este, meus caros, é o pior texto de toda a minha vida.

quarta-feira, dezembro 20, 2006

A droga de toda a vida.

"Achei há dois anos, num sebo escondido numa rua suja, um livro 'interessante'. Chamava-se 'O segredo do futuro' e dizia que fora escrito originalmente por um chinês, havia milhares e milhares de anos. Um hippie doido deve tê-lo traduzido, julgando pela data da edição. Comprei, pela curiosidade e pelo preço.

O livro tratava, em sua primeira metade, sobre a existência do Futuro. Argumentava que realmente existia um caminho pré-determinado e que — após um tanto de escrito com pouco valor — havia meios verdadeiros de se ver o Futuro. Na verdade, só seria possível descobri-lo até o fim da sua vida. Eu entendo que seja difícil de entender, mas o livro diz que se você morrerá em 2032, será possível ver todo o seu futuro até essa data.

O meio mais simples apresentado por Fa Ming — suponho que seja esse o nome do autor, agora me falha à memória — para espiar o Futuro é um chá feito de diversas ervas misturadas com alguns ingredientes caríssimos e de difícil obtenção. Após ler todo o livro, decidi que a única coisa que valia era a tal receita. Arranquei as 30 páginas que tratavam da confecção desse incrível 'medicamento' e joguei todo o resto fora.

Nenhuma das ervas era alucinógena, mas quase todas eram muito raras por aqui. Por isso, tomei como uma espécie sadia de passatempo a procura pelos fantásticos ingredientes. De férias em férias, de eBay a eBay, consegui os itens, um por um. Isso tudo tomou um pouco menos de dois anos, e exatamente agora terminou minha busca. Como todas as ervas são secas e a maioria dos ingredientes imperecíveis, creio que estou preparado para a preparação.
Na verdade, escrevo enquanto a água ferve.


Ferveu. É incrível como uma receita supostamente tão incrível é tão simples. É só jogar tudo dentro... Não que eu realmente acredite na veracidade da coisa toda, mas supõe-se que o procedimento todo deveria ter algo mais de especial, de fantástico.
O resultado não é exatamente agradável: a mistura toda fede e tende para o verde-musgo, pedaços sólidos flutuam. Bem, no máximo acabo de preparar um alucinógeno poderosíssimo.


Amém."


Aqui o relato se perde. Mas reza a lenda que Ele viu, realmente, toda a sua vida, viveu todo o futuro pulsante que tinha pela frente, cada detalhe, cada segundo, cada minuto, cada década. Sentiu um fluxo tão intenso de vida que, após alguns instantes de frenesi de momentos felizes e tristes, acabou chegando no ponto inevitável de sua vida, que é a morte.

Parou o coração, acabou a droga de toda a vida.

terça-feira, dezembro 19, 2006

Dois mil e sete.

Talvez dois mil e sete realmente mereça uma listinha de promessas.

Talvez a virada de ano realmente represente alguma coisa.

E por aí vai.

Sendo assim, para poder ser brega, pero no mucho, cá vai uma listinha de promessas (ou previsões) para o ano que logo vem. Espero que entendam a mensagem deste pobre que vos fala.

1 - Prometo me estressar bastante graças ao cursinho;
2- Prometo deixar completamente de lado o grêmio e, assim, decepcionar meus coleguinhas;
3- Prometo ter problemas no meu relacionamento graças ao item 1. Talvez também ao 2, quem sabe;
4- Prometo que minha gastrite piorará e melhorará diversas vezes durante o ano;
5- Prometo que jogarei menos videogame;
6- Prometo que lerei;
7- Prometo que os itens 6 e 7 terão lados bons e ruins;
8- Prometo acabar coisas que comecei neste ano e começar coisas que nunca terminarei;
9- Ou talvez não.

terça-feira, novembro 28, 2006

A fabulosa "Coletânea de Fracassos Humanos em Diálogos Interessantes para Toda a Família"!

Apresento-lhes meu mais novo projeto literário:

A fabulosa "Coletânea de Fracassos Humanos em Diálogos Interessantes para Toda a Família"!

A idéia é simples: é uma coletânea (sim, exato) de diálogos interessantes (claro, claro) que retratam o fracasso humano (como adivinhou?) para o gosto de toda a família (não necessariamente todos os membros de uma vez, lógico)!

E eu preciso da ajuda de vocês! Sim, claro, lógico.

Proponho que juntos escrevamos essa maravilhosa coletânea, que me ajudem com diálogos escritos por vocês (podendo haver um tantinho de narração, como não) e que façam com que essa maravilhosa idéia não fracasse como todos os humanos idiotas desse mundo (e eu incluo eu e você!)

E lá vai uma amostra de um diálogo, autoria d'um amigo meu e que não é um exemplo do que ocês devem escrever, já que são livres para fazerem diálogos fracassantes do modo que bem entenderem.


- Quero te bejá!
- Quêêêê?
- Isso mesmo que você entendeu - insistiu.
Fez-se silêncio, então ele viu que ela não ia falar:
- Eu te adoro - e blá blá blá.
- Mas como eu posso acreditar em você depois de todas as sua cachorradas com aquela outra?
- É porque você eu quero de verdade!
Silencio, novamente.
- Eu juro!
Mais silêncio.
- Tá, e se eu disser que não sou eu?
- Ahm? Como eu posso acreditar em você?
- Não sou eu, eu sou um amigo 'dele'.
- Olha, eu.. eu tô saindo. Tchau.
E poucos minutos depois:
- Nããããão! Ferrô como eu faço pra você acreditar em mim?

E à propósito, essas não estavam bebendo; uma já havia bebido e a outra nunca bebeu e provavelmente nunca beberá.


Ajudem-me, literatos e não-literatos! Qualquer um pode ajudar escrevendo um Diálogo Interessante para a Coletânea!

sexta-feira, novembro 24, 2006

Terminâncias.

- Claro que eu ainda tenho espaço para amigos... Para todos!
- Sim, para todos, claro, para todos, obviamente, para todos. Para todos quais, idiota? Que amigos?
- Aqueles, aqueles, aqueles!
- Nem sequer esses, nem sequer estes? Deve ser triste ter amigos tão distantes assim.
- Olha, ...
- Sim?
- Não me enche o saco, por favor.
- Agora está limitando os seus tais amigos de simplesmente encherem o seu saco, é? Prefere logo que eu não fale porra nenhuma, né?
- Me deixe em paz...
- É isso, então? ... Opa, ô chêimpion, traz uma gelada! ... Olha, sr. "eu não preciso de mais ninguém", é melhor você mudar de atitude logo, que tá enchendo o MEU saco.
- Cale a boca.
- E essa arrogância toda não vale pra nada, nada mesmo.
- Cale a boca, sério.
- Guilherme, olh'aqui, pára com isso e olh'aqui: eu queria mesmo te ajudar, beleza? Eu tentei te avisar antes, eu tento te avisar agora, eu talvez tente um pouco depois, mas mais do que isso, não dá. Tua vida se fechou, irmão.
- Foda-se.
- Tá vendo?
- Não, não estou. Eu estou aqui sentado com você, numa boa, e ocê me vem falar que eu não tenho mais espaço/tempo/o caralho a quatro pros meus amigos?
- Aí, oh. Cadê a paciência?
- Ricardo... Olha, Ricardo. Olha. Ah, vai à merda.

Guilherme se levantou sem beber seu último gole e sem esperar a nova bebida que chegava. Na verdade, saiu sem beber absolutamente nada.

E, na verdade, nem saiu de casa, antes de tudo.

A discussão não valeria a pena.

terça-feira, novembro 07, 2006

Sobre sempre.

Pequeno remarque sobre o overuso da palavra sempre.

Eu já me cansei de ouvir - moustlimente ler, na verdade - as pessoas falando - escrevendo - pra sempre, sempre, 4evah, e por aí. Não que a idéia não seja bonitinha, mas é sãti ei gigantesca mentira que me incomodo.

Rauéver, antes de falar mais a fundo, já deixo contra-argumentado o padrão dos atacados: Não, não é inveja.

Uéu, sabemos que ninguém tem controle direto sobre o futuro. Sabemos, alsou, que qualquer coisa vai, eventualmente, morrer e acabar e etc. Numa análise mais banal das coisas, o sempre sempre é interrompido pela morte, então sempre é mentir dizer sempre.

E chamar um punhado de oudi friendis com quem você nunca conversa de amigos pra sempri é pleinmente patético.

E etc's. Acho que quem concorda comigo já concorda comigo.

quarta-feira, novembro 01, 2006

Dia do céquissu.

'Felizes dias do Céquissu', obviamente atrasado.

quarta-feira, outubro 25, 2006

Sobre golpes falsos - verídico.

- Chamada a cobrar, para aceitá-la, continue na linha após a identificação - disse o telefone.
- Alô.
- Alô. Aqui é do corpo de bombeiros, aconteceu um acidente terrível de carro. Tem algum parente seu de carro fora de casa?
- Tenho sim. Tenho 15 - era mentira.
- 15?
- É, 15 parentes fora de casa.
- Da sua casa você tem 15?
- É.
- Então, aconteceu um acidente que envolveu 6 carros. Veja se você reconhece algum deles: corolla, vectra, corsa, astra, civic, clio e gol - eu não reconhecia.
- São 7.
- Isso, o acidente foi entre 7 carros.
- Olha, antes você tinha falado 6. Acho que você não sabe contar.
- Ah, eu não sei contar?... - ele tomou fôlego pra falar algo do tipo "Olh'aqui, eu vou matar não sei quem que eu seqüestrei", ou algo assim, mas ao invés disso:
- Tututu - disse o telefone, graças a mim.

domingo, outubro 22, 2006

Ninguém mais acredita n'Ele.

Era uma vez um homem com problemas de expressão. Ele era muito desenvoltado, muito do falador, do careteador, do expressionador. Mas era um palhaço, no fim das contas, já que só falava quando não precisava, e careteava e expressionava.

Quando realmente havia carecimento, apenas abria e fechava a boca, aflito. Mas era óbvio que não deixaria o aflitismo transparecer-se, então simplesmente abaixava a cabeça, abaixava a cabeça.

Sussurrava palavras surdas.

Ouvia palavras mudas.

"Como interpretar? Por que interpretar? O que dizer, como, como, ridículo!"

E assim passaram-se oportunidades a rodo. Sentia-se ardendo de querer poder mostrar que quer poder o tempo todo. Era muito famoso por não conseguir demonstrar o que queria poder demonstrar, e assim foi durante muito tempo, até que percebeu que as pessoas talvez já tivessem esquecido de tudo e achassem que ele estava simplesmente normal, que não havia mais ardor interno.

Faltava burburinho externo.

Faltava a água para avisar que o ar fugia blumbilhante pelo furo do pneu. "Mas qualquer um que se interessasse realmente pelo andar da carruagem perceberia muito facilmente que o pneu já está até murcho demais!", diria ele.

Talvez, talvez.

Mas ninguém liga. O pneu-menino não está incomodando, já que a carruagem está, infelizmente, parada.

segunda-feira, outubro 16, 2006

Sobre ser ricardo.

Ricardo significa, em pós-grego-contemporâneo, "o detentor do segredo das esferas mais ínfimas", sendo, assim, nome tão significativo e poderoso.

Em hebraico-germânico, ricardo é "salvador das pátrias".

Em pré-hepúblico-soviético, o sentido é deveras profundo: "aquele que mantém".

Os radicais se estendem mais adiante - para trás -, chegando aos caros egípcios-pré-colombianos, para quem ricardo é, apenas, "o que não é pedro".

Apenas a título de obsevação, pedro significa "rijo como joão", em húngaro-hapocatílico.

Também nessa língua, ricardo significa "largo como uma rocha", o que conflita com a definição do aurélio-laroussiano, que diz: "ricardo - estreito como um rio".

É óbvio que pode ser uma rocha muito grande, ou um rio muito estreito, mas esses conceitos são tão antagônicos que, mesmo que façam sentidos juntos, mantêm-se em conflito.

Mas há um ricardo - sim, apenas um, ele foi escolhido pelo Criador para ser o único - que foge dessas banalizações idiotas, ignorando toda a etimologia de seu nome, assim como a riqueza histórica por trás de tudo.

Isso porque ele não se chama ricardo.

Chama-se Ricardo.
Que é anagrama de Criador.

terça-feira, outubro 10, 2006

Técnica.

Dificuldades técnicas são difíceis, ô se difíceis dificuldades.

domingo, outubro 01, 2006

Uma linda mulher.

- Eu não entendo, pra que isso?

Ela parecia indignada.
Qualquer observador diria que não é pra tanto!
Mas parecia e estava, e estando era coisa de se admirar, as sobrancelhas arqueadas, ângulos impossíveis. De fato ela era bela. Linda? Acho que não.

A moça continuou olhando, impassível, pro moço.
Qu'era eu.
Quisera eu que não fosse! Ah, que ingratidão das pessoas.

- É simples, você fica aqui a noite toda, eu pago.

O moço sorriu.
E não foi um sorriso canalha.

- Não acho ético ganhar por... por dormir com você. Assim, simplesmente dormir com você. Eu não durmo, eu transo. Eu trepo! Eu...

Ela abria muito a boca
como se quisesse engolir o mundo. Sinceramente, as milhões de variantes para "fazer sexo" não me interessam nem um pouco, não mesmo.

- Olha, eu quero que você me faça companhia. E eu farei companhia pra você! É uma... você... dama de companhia!

Ele parecia sofrer.
Isso podia se ver por minha expressão de cachorro-sem-dono. De fato eu sofria, ah, se sofria. Vocês todos deveriam saber quão duro é não ser entendido por absurdamente absoluto alguém nenhum.

- Qu'é isso, o mundo todo virou aficcionado por essa merda de Pritchi Uuman? Cara, mesmo que você me pague por hora...

Ela olhou para o relógio,
o que foi muito bonitinho, se me permitem dizer.
Os gestos humanos significam tão pouquinho, tão pouquinho, e... metáfora!

- Por favor. Eu juro que não sou nenhum maníaco.

Ele apertou forte a mão dela, olhos nos olhos.
Como dois homens de negócio.
E, como eu dizia, metáfora!

- Tudo bem... Mas me mostra o dinheiro já'gora.

Ela abriu um meio sorriso.
Patavinas.
Não entendo patavinas!

terça-feira, setembro 19, 2006

Osmose - um minuto de tod'a vida.

01.Noite - cama do apartamento - int

Lara e Fernanda deitadas com a barriga para cima, meia-luz.

Lara
Noite, já.

Fernanda
Bem noite, já.

Lara vira-se para Fernanda.

Lara
É... Tá com sono?

Fernanda
Não, não. Só meio...

Fernanda também se vira para Lara, muito próximas, de mãos dadas.

Fernanda (cont)
... meio mal.

Lara
Quer tomar um ar, andar um pouco?

Fernanda aperta a mão de Lara mais forte, aproxima-se mais um pouco e sorri.

Fernanda
Vamos! Vamos...

02.Noite - grande condomínio - ext

Ambas sentadas n'um banco ao lado de um poste, balançando as pernas e de mãos dadas.

03.Manhã - grande condomínio - ext

Ambas andando, Fernanda com braço sobre, Lara com braço sob.

04.Tarde - supermercado - int

Ambas sentadas n'um banco da pseudo-lanchonete, sem comida.

05.Noite - cama - int

Lara e Fernanda deitadas de bruços, meia-luz.

Fernanda
Noite, já.

Lara
Bem noite, é.

Fade out

FINIS.

terça-feira, setembro 12, 2006

Os mundos imundos.

Logo de começo, a voz fraca e quase imperceptível dEle soou, ressoou e dessoou, terminando assim toda a trajetória de seu manifesto. A pergunta era: Por que o mundo insiste em distorcer as coisas?

Mas isto não se trata do logo de começo e sim do de meio, e o de meio foi o seguinte: Ele olhou como se realmente visse, mas apenas observava de leve, absorto em pensamentos muito mais graves do que a tal visão da decaída do mundo. Os valores novos não eram errados, Ele havia os criado, mas a forma de implantação deles era muito da esquisita.

Mas de meio ninguém escutou seu manifesto, e se ninguém pudesse sorrir, sorriria. O mundo e todo mundo e ninguém são as mesmas coisas, pensou Ele, e tudo sempre vai pelo funil e fica tudo uma gororoba só, onde é que está a personalidade do mundo e dos mundos de cada pessoa?

Gritou a mesma coisa, a voz soou forte e poderosa, todos olharam para Ele, que triunfantemente sorriu. Então de fim, algo de curioso aconteceu: todo o mundo veio em direção a Ele, como um único rebanho, como massa, como água passando por um funil.

Logo de começo, a voz fraca e quase imperceptível dEle soou, ressoou e dessoou, terminando assim toda a trajetória de seu manifesto. A pergunta era: Por que o mundo insiste em distorcer as coisas?

quinta-feira, setembro 07, 2006

Manual d'as palavas e expressões em que não acredito:

Index

Introdução: A arte de increr ... pg 7
Honestidade ... pg 12
Inédito ... pg 15
Verdade ... pg 19
Razão ... pg 31
Submissão total ... pg 36
Filosofia ... pg 39
Política ... pg 40
Ordem Alfabética ... pg 62
Numerologia ... pg 69
Felicidade ... pg 71
Gênio ... pg 73
Escolha ... pg 76
Entretanto ... pg 84
Finalmente ... pg 89
Eu não sou preconceituoso ... pg 130
Ficção ... pg 131
Nacionalismo ... pg 144
Lógica ... pg 3

sexta-feira, setembro 01, 2006

Comentários acerca de blogs.

Bom, feliz dia dos blogs para todos os que blogueiam e mesmo assim têm coragem de ler isso aqui. Digo que estou muito feliz com a qualidade dos blogs que conheci recentemente, já que fiquei surpreso com a quantidade de literatura em blog encontrada.

Parabéns a todos que lutam para pensarem em posts diários e, bem, bons.

Já eu, sempre que me esforço para escrever uma vez ao dia, só escrevo lixo. Paciência.

E quase ia me esquecendo do texto de hoje - ontem -!

Mew, hj nohs tvmos a eleissaum pru gremiu, e a gnt ganhoh! Tp, agr nhs vamu dominah akela iskla! Daih a trd eu saih cum marxinhu (ti amuuuuu mlk!) i encontrei a patty (aff!!!) nu shops!! Tpw, q sako! ELa tah fikndo c/ pedru, mew, q raiva tbm!ms jah sei cmo q eu v fude com akla vdia!

ms foi mtotmotomtomto lekal u dia de hj!

ahhhh! i hj dia 31/80 eh u dia dos blogs! prbens pra mim i o ~~Vida* Loka~~!

segunda-feira, agosto 28, 2006

Aquele que eu escolheria.

Devo deixar claro a todos vocês que eu não sou exatamente um político político, já que nunca tive interesse algum em comandar uma nação, nem mesmo a minha.

Pois é, vocês perguntam a mim "Então por que diabos?" e eu respondo que não dá mais, eu não agüento: já tentei votar por legenda, por candidato, branco, nulo, etc. E nada, nenhuma mudança, nenhum resultado, satisfação zero.

Então veio meu companheiro com o seguinte papo: "Se quer que as coisas sejam diferentes, mude tudo, ora! Crie seu partido!".

Eu acabei criando, cá estou eu, enfim. Não pretendo roubar, não pretendo sacanear com vocês e nem nada do tipo, mas não garanto total honestidade minha, já que certamente serei constantemente ameaçado por todo tipo de empresas, pessoas e animais, e só vale ser presidente enquanto vivo.

Mas garanto que tentarei fazer algo, que defenderei os interesses gerais da nação, até porque meu partido ainda não tem uma identidade tão forte que ofusca qualquer idéia fora dela. Mas creio que também posso prometer-lhes que não rastejarei pelo voto de vocês e que espero apenas a colaboração de quem me entende verdadeiramente.

Ah, tinha mais coisa em pauta, mas o tempo pra partido pequeno é foda. Boa noite, eu sou Chico Abreu, zero zero.

sábado, agosto 26, 2006

Eis que sendo.

Peguei o papel, rápido, e comecei a rabiscar, rabiscar e rabiscar, como se escrevesse todos os livros já pelos homens.

Era uma história - estória, nos termos antigos - muito interessante, claro, mas fundamentalmente impactante, e era esse que eu passava para o papel, quase o rasgando com a voracidade inimaginável com que eu fazia minha tarefa.

Entretanto seca estava a caneta e tudo não valeu de nada.

Sentei para me acalmar, mas pulsava em minha cabeça e vivia, incrível. Deixei de lado e apenas pensei e imaginei, criei realmente toda e um universo.

Após doze horas, abri uma gaveta e achei outra caneta, desta vez com tinta.

Segurei ambos em minha mão e tentei retratar o que vi e senti.

Eis que quando foi, foi e não voltou mais.

Fiquei na mão.

Eis que si.

terça-feira, agosto 22, 2006

Uma presência, uma ciência e uma potência.

Pouca gente tem o privilégio de perceber que pode ser Deus com extrema facilidade e baraticidade.

Isso porque o requerido para tal transmutação positivadora é pura e simplesmente a tal da folha, o tal do papel ou, como bom raitéqui corporativo, o tal do computador pessoal.

O ato de se escrevinhar é, fundamentalmente, potente e tudo mais. Chego a concluir que todo narrador é onisciente e onipresente, apesar da crença insentida dos professores de redação e literatura e de estudiosos das tais narrativas de que os narradores podem ou não serem oni-eujádisse.

Pois bem, amplio minha raciocinação: toda pessoa que narra, que conta, é onisciente e onipresente, porque o revelado pelas palavras só mostra exatamente o que ela pode e quer mostrar, sendo tudo que há para se saber no universo criado por algum tempo graças aos esforços narradores da supracitada.

Sendo assim, finalmente, toda a forma do que é escrito vem do escrivinhador e ele é, por conseguinte, o mais alto senhor Onipotente da hestória que conta ou inventa.

Logo e não obstante, isso pode se aplicar para todos os textos proscritos por qualquer um, mas é óbvio que nem todos podem ser aplicados ao posterior à realidade sentidora das outras pessoas.

Além disso tudo, tudo é completo em qualquer produção de qualquer ser, já que se justif

terça-feira, agosto 15, 2006

- Ah, lembrei o que eu ia perguntar!

Faz quanto tempo você publicou aquele livro, mesmo?
- Qual?
- O Elevado a Três.
- Ah... Um ano e pouco, suponho. Chutaria três.
- Três?
- É, é. Um ano e três dias.
- Ainda ganha com o livro?
- Uai, conhecimento, experiências, essas coisas.
- Mas como? Relendo...?
- Não, sua besta. É óbvio que tudo que eu escrevi naquela época ainda me influencia, sendo verdade ou não atualmente. Ou até na época.
- Ah... E o dinheiro?
- Que tem?
- Ainda ganha algo?
- Eu já falei que eu ainda...
- De dinheiro!
- Como assim ainda?
- Se você...
- Cara, eu nunca ganhei dinheiro algum com esse livro.
- Por quê!?
- Minha mãe. Todo dinheiro ia e vai para ela, coitada, com um câncer absurdo. Mas como há esperanças, já viu, não consigo arredar o pé.
- E por que nunca me contou isso?
- É que... Sei lá, isso de ser altruísta não combina comigo...
- Putz, cara... Ah, legal que você use seu talento pr'uma coisa boa assim.
- Pois é.
- É.
- Bom...
- Sim...?
- Na verdade, a Editora só me paga se vender mais do que mil cópias, e... ahn, nunca vendi tanto assim.
- Nossa! Mas e como fica sua mãe, então?
- ...
- Nossa, deve ser duro...
- Cara, eu só estava brincando um pouquinho com você. Minha mãe morreu quando eu era bebê. Eu não ganho dinheiro algum e nunca ganhei simplesmente porque meu livro não vende, só isso.
- Cê tava me mentindo?
- É, mais ou menos.
- Viado.

quinta-feira, agosto 03, 2006

Estrela, sobe estrela!

Essa é a história real minha de quando eu acabei com toda a população do planeta Marte de uma maneira muito maneira mesmo. Pode parecer mentira, mas eu ainda tenho o meu revólver aqui e ele tem até umas gotas prateadas adornando todo ele, muito legal mesmo.

É claro que essas gotas são o sangue do último marciano que eu matei com um tiro à queima-roupa, mesmo ele não tendo roupa pra queimar. Ele nem era cabeçudo, tinha mesmo uma cabeça pequenita menor que a minha e que realmente tinha um cérebro hiper-desenvolvido e que entendera que a Paz é a coisa mais suprema do universo e por isso deviam pregar isso por aí.

Pois preguei uma bala na cabeça dele pra provar que poder de fogo é melhor que o poder das palavras. Além disso, a voz dele era irritante. Mas eu já tinha arranjado os códigos pra usar a máquina de teletransporte antes com outro marciano amigo desse que eu matei, mas eu matei esse também. Claro que depois de arranjar os códigos, e ele era um alienígena bem bacana e divertido e zeloso, sempre pensando no meu bem-estar.

A verdade é que ele tinha que morrer também, mas esse eu joguei d’uma espécie de penhasco que escondia as fábricas de energia magmática do lugar, ou qualquer coisa do tipo. Eu tenho certeza que ele só me tratava tão bem porque ele me achava inferior que nem um animalzinho de estimação, e eu provei pra ele que era bobagem isso.

Mas minhas matanças foram só essa, porque pelo que eles me disseram era só isso de marciano que existia, e agora é zero zero zero nada. Se houvesse mais algum também esse algum estaria morto logo logo, porque quando eu joguei o cabecita no buraco fez um boom muito maneiro também que parece que ia explodir tudo e logo que eu saí eu ouvi um boooom maior ainda e pelo que vi no noticiário o planeta Marte explodiu todinho.

Eles que vieram me encher também lá em casa, aparecendo do nada no meu banheiro enquanto eu soltava o que devia ser solto, desgraçados tiveram o que mereceram já que aquele brilho nojento da teletransportação atrapalhou toda a minha concentração e me deixou cego por um tempo, tanto que como compensação eu obriguei os dois a me levarem pra casa deles pra eu conhecer, porque parece que eles vieram parar na minha casa sem querer e não queriam nada comigo.

Foi tudo muito divertido e eu queria dizer obrigado aos marcianos pela experiência única que eles me deram.

Observação 1: contato com alienígenas é prejudicial à saúde mental.
Observação 2:
http://sobrestrelas.blogspot.com/
http://sobestrelas.blogspot.com/

sábado, julho 29, 2006

Brindemos!

- Há motivo!

Há tempos que brindamos assim, o único brinde egocêntrico o suficiente para ser realmente válido. "Há motivo para eu estar brindando, assim como há motivo para você e para ele, e se for o mesmo motivo o de todos, tanto melhor".

- Quem dera houvesse motivo.

Mas hoje a Jô não está legal, não mesmo, mesmo assim brindamos novamente. Sempre há alguma coisa a se comemorar, a se torcer por, ou qualquer coisa do tipo. Tentamos:

- Há motivo sim, sua besta!

Ela olha como se quisesse "suicidar a todos nós", e realmente é esse o olhar, já que ela logo repete com palavras o que demonstra com a expressão facial.

- Eu se fosse vocês me matava. Vocês estão todos afundados na merda e ficam brindando aqui, nesse bar ridículo, com esses chopes gelados nesse frio também ridículo. Vão à merda, que não há merda de motivo algum!

A Jô levanta-se revoltada e vai-se, como se não soubéssemos das coisas ruins da vida e de como tudo vive caindo pro lado da bosta para se sujar um pouco. Não obstante, erguemos nossos chopes cheios de suor gotejante, sorrimos uns para os outros e, bem, é óbvio o que fizemos:

- Há motivo!

terça-feira, julho 18, 2006

- Boa viagem, Cidadão.

segunda-feira, julho 10, 2006

AQUILO.

No dia em que descobri AQUILO já era tarde demais, ao menos eu achava, tanto tempo se passara sem que eu me desse conta de que era simples pra caramba tudo nessa vida. Mas eu perdi um monte de oportunidades antes disso, não pude enxergar que DEUS existe e está logo aqui, é cada uma das pessoas que descobrem aquele quê especial da vida.

Eu busquei tanto tempo, fora de mim, mas estava dentro. É só uma fagulhinha, é a diferença entre os que são e os que estão. E só descobri naquela hora. Era AQUILO, mas já era ISSO e até ISTO. Era tudo.

Peguei minhas coisas e ia sair de casa, mas a culpa de não ter feito nada do que podia ter feito começou a me tomar completamente. Afinal, eu já sabia antes, eu sempre soube. Nunca aproveitara por pura ignorância. Imbecil, imbecil, não parava de repetir na minha cabeça.

Tanta coisa pra aproveitar! Tantas coisas que deixei passar, sem nem perceber. Ignorante, estúpido e mais um monte de coisa. Joguei-me ao chão, agonizante. Batia a cabeça.

Até que percebi que estava desperdiçando tudo que finalmente descobri e saí de casa.

quarta-feira, junho 28, 2006

Indestino.

Os jovens aventureiros finalmente encurralam o assombroso Senhor do Mal, que sem outra escolha prepara-se para lutar. Mas antes, os heróis o bombardeiam com uma explosão de insultos morais:

"Você é um homem cruel e tirano, deve morrer por nossas mãos! Somos a Justiça em pessoa e viemos para lhe matar."

"Vamos, rende-se que assim não o mataremos! Seu reino termina por aqui, seu calhorda!"

E por aí vai. O malvado olha para frente, cheio de ira. Pensa com ele mesmo que são cinco heróis descerebrados e completamente despreparados, que estão entupidos de moral ridícula até o intestino, passando obviamente por lá.

"Olha aqui", começa o malévolo, "não fui eu que matei mais de milhar em uma semana. Nem sou eu o intolerante aqui... Nunca destruí pessoas simplesmente por serem antagônicas a mim, mas simplesmente por serem opostas à evolução da nação", pigarreia um pouco, "sou apenas um bom governante, e as pessoas que me acham ruim é que são podres e deturpadas. Além disso, eu não sou um estereótipo ambulante que nem vocês, embora vocês realmente tentem me tornar um com essa baboseira de 'Senhor do Mal'".

Eles olham atônitos para o Distribuidor Mau da Maldade Tão do Mal que Mal Conseguimos Agüentá-la.

"Que merda é essa?" pergunta o de vermelho.
"É, que merda é essa?" e agora é a vez do azul.

As perguntas eram tanto para o Senhor das Trevas quanto para o diretor, que resolve então parar tudo.

"João, que merda é essa?" é a resposta-pergunta do diretor, direcionada ao Ator Que Faz o Mal Sempre.

"Cansei disso tudo. Eu tentei falar minha fala e não consegui."

"Mas a fala era 'Venham para a morte, então! Eu nunca desistirei!', era fácil, como assim não conseguiu?!"

Os power-rangers Cruzados vão tomar água e tirar a roupa cheia de suor um pouco.

"Não consegui por isso mesmo. Essa bosta de roteiro é sempre a mesma coisa!"

"É o que vende!"

E agora a câmera dá um close na cara do Ator Indignado, que franze o cenho preparando o grito:

"Então eu me demito dessa mediocridade ridícula! E espero que vocês passem o resto da vida filmando essas coisas ridículas para crianças de sete anos com mentalidade de um e meio. Vão à merda!"

- Corta! - diz o diretor, escondido da câmera - muito bom o trabalho, Carlos. Você ficou muito convincente como João... Ei, Max Overseas, gostei de sua interpretação de ator interpretando o Ricardo Coração-de-Pavão! E pedrinho, acho que você devia carregar mais o "Que merda é essa, João?"... Tenta pôr mais ênfase na merda. Vamo lá, todo mundo. Pausa de cinco minutinhos e vamo tentar de novo!

domingo, junho 25, 2006

Cadela!

"Doutor, você tem que me ajudar.

Eu olhei para o banco de passageiros de meu carro e onde ninguém estivera, agora havia um de meus pacientes, um dos casos mais graves, intensos e esquisitos. Certamente merecia todo o meu interesse, mas

"Agora não. Sézar, você precisa esperar sua hora! Eu sou um profissional...

Respondi então. Além do mais, atender pessoas em meu próprio carro não dava dinheiro algum. Entretanto, apesar de minha disposição de simplesmente ignorá-lo, a face insana do indivíduo realmente demonstrava, bem, insanidade.

"Doutor, é sério. Eu não agüento mais as torturas daquela cachorra! Eu estou ficando

Louco. Já me falara dessa maldita cadela milhões de vezes, disse que tentara se livrar dela um milhão de vezes, que ela sempre retornava para ele, sempre grudada em suas pernas, puxando-o para o Inferno. Não aceitava ficar em casa sozinha, apegara-se profundamente a ele, nunca deixava-o em paz.

"Ora, era justamente disso que falávamos na sessão de ontem. E também na de três dias atrás, e na da semana passada. Estou certo de que você pode esperar mais uma semana até a próxima. Estamos tratando de seu desvio de personalidade

Aos poucos, seu rosto passava a denotar grande sofrimento. Talvez até mais intenso do que da vez em que foi cruelmente atacado por aquela que alimentara e cuidara com tanto carinho. Uma mordida no pescoço, quase fatal.

"Eu matei aquela vaca com um tiro na cabeça. Me ajuda, eu preciso!

Referir-se a um canis familiaris chamando-o de vaca é um tanto peculiar. Não havia motivo para meu espanto, ele já devia ter feito isso há tempos. Felizmente, assassinar uma cadela não era mais grave, e com certeza menos doentio, do que praticar zoofilia e ter um amor incondicional pelo animal.

"Oh... Fico feliz que tenha se livrado dela, que atrapalhou tanto sua vida. Você deve se libertar dela, agora.

Sorri, afável, só talvez um pouquinho nervoso.

"Ajuda a me livrar dela! Eu tô com ela aqui nessa

Mochila de viagem grandíssima foi puxada para dentro do carro, a porta se fechou. Devia ser um animal de porte respeitável, nunca me dissera o porte dele, apenas algo sobre ser de raça alemã, pelos dourados, brilhantes. Sem falar nada, arranquei o carro e fui dirigindo até o centro da cidade.

"Podemos atirá-la no Lago da Memória. Aproveitamos e enterramos toda a sua neurose com este ato, não acha bom?

Ele concordou.

"Sim, doutor. Sim. Ah, finalmente minha vida vai entrar nos eixos, doutor!

Parei no tal Lago, ajudei-o a carregar a mala. Estava muito

"Pesada. Nossa, que mais tem aqui, sr. Sézar?

Ele me olhou surpreso, de soslaio.

"Nada mais. Ouvi falar que os corpos ficam mais pesados depois de mortos.

Concordei. Meus conhecimentos de biologia não iam muito além do pouco que lembrava do vestibular. Mas sabia que, sendo a bolsa de plástico impermeável, era melhor abri-la para não correr o risco de vê-la flutuando, triunfante, por sobre as águas. Peguei o zíper, puxei-o.

"Deus! Isto é

Horroroso! Uma cabeça loura, de pele clara, decapitada. Humana! Na confusão de braços, pernas e sangue percebi um tênue brilho dourado próximo ao pescoço da jovem. Lia-se Suzanna, 6733-4521, entrar em contato caso a encontre na rua.

quarta-feira, junho 21, 2006

Se se morresse de amor.

Amor mata em Vila-Província e tem sua prisão decretada

Jovem suicida-se por amor não correspondido e MP é aprovada proibindo o amor para menores

Reportagem Roberto d'Abreu

Ontem (20/06, terça-feira) , às 19h23min, morreu o jovem S.S.A.F., de 16 anos, ao suicidar-se injetando ar em suas próprias veias. S.S.A.F. amava uma garota que o "ignorava constantemente e, quando me dava alguma atenção, era apenas para me humilhar", segundo informações do diário do garoto.

"Isso é terrível", disse à Redação a mãe do garoto, "o Estado devia educar as pessoas e mostrar que o amor é errado", completou.

"É realmente um absurdo que não haja um desencorajamento em relação ao amor", comentou o pai, muito revoltado com a injustiça que acontecera com seu filho. De família de extrema direita, S.S.A.F. tinha bom rendimento escolar, e parecia totalmente são. "O amor estragou meu filho. Se o governo fosse mais responsável, uma coisa dessas não aconteceria!"

Entendendo a importância do caso, medidas rápidas foram tomadas no Congresso Nacional. Foi aprovada ainda ontem uma Medida Provisória que proíbe o amor entre menores de idade. Segundo assessor do governo, o amor mata milhares de pessoas por ano e deve ser evitado a todo custo. "Uma grande redução nos crimes de paixão e nos índices de suicídios deve ocorrer em um intervalo curto de tempo", explicou o sociólogo Herbert Naizsm.

Entre os adolescentes, não fica clara qual a posição deles em relação à nova proibição. Enquanto a maioria afirma ser uma medida ditatorial e sem cabimento, há alguns poucos que louvaram a decisão, dizendo que a vida tornar-se-á muito melhor sem o complicado amor pelo caminho.

O Presidente fará um discurso amanhã, às 19h23min em rede nacional, tratando do assunto.

terça-feira, junho 20, 2006

yatagarasu



mittsu no ashi
shikashi yattsu no hane
yatagarasu ga mottekite
otaiyou to shiawase

Em tradução livre:

o corvo de três patas
mas oito penas
voa trazendo o sol
e alegrias pequenas

domingo, junho 18, 2006

Novidades.

"[...]

Obrigado por sua carta, eu achava que vocês todos já tinham me esquecido! Está tudo bem por aqui sim, ou melhor, eu tive alguns probleminhas, mas quase todos já passaram.

[...]

Adivinha que eles me escolheram? Não, claro que não, não foi assim uma simples escolha, eu tive que batalhar pra conseguir a vaga. Pois é, eu serei um deles.

[...]

Não tive notícias da Aninha, como foi a cirurgia dela? É verdade que ela só tem um terço do estômago, agora? Ela já emagreceu?

[...]

Eu acho que eu volto para aí no final do ano. Vão fazer uma festinha, né? Pois bem, eu quero aquele champanhe ótimo daquela região lá. Além de tudo, eu acho que vou trazê-lo comigo!

[...]

Saudades de todos vocês! Abraços e beijos, do amigo seu,

[...]"

quarta-feira, junho 07, 2006

Bobagem metalingüística.

dicionário

do b. Lat. dictionariu < Lat. dictione, locução

s. m.,
conjunto dos vocábulos de uma língua ou dos termos próprios de uma ciência ou arte, dispostos por ordem alfabética e com a respectiva significação ou a sua versão noutra língua.

segunda-feira, junho 05, 2006

Lá no PC!

Isto vai completamente contra a conduta deste blog, mas sendo ele nada mais do que um blog, creio que não se manifestará contrário ao que vou dizer:

Tenho que escrever o texto introdutório do blog Lá no PC!, que é, obviamente, o blog do Plano C. Mas não está fácil. É uma responsabilidade relativamente grande, é difícil fazer textos introdutórios decentes.

Acho que não vou sair muito do básico.

É isso aí.

quinta-feira, junho 01, 2006

Minha utopia de estimação.

Apenas o silêncio e o nada podem ser realmente perfeitos. A falta de algo é a única coisa sem falha alguma, sem absolutamente nada. Mas como já discuti anteriormente, não sei se realmente é possível alcançar o nada.


Eu gostaria que fosse. Eu realmente espero que ao fim de minha vida tudo se torne... ah, bem, para que evitar a repetição, quando necessária? Bem, que tudo se torne nada.


O mundo dando lugar ao não-mundo e mais toda essa baboseira (hah.) teórica. O fato é que vocês não deviam se preocupar em ler este post. É um vazio, não tentem buscar algo no que não existe.


Obrigado.

quinta-feira, maio 25, 2006

Resposta à Camila:

"Olá, meu nome é Camila e eu gostaria de saber passo a passo como conquistar uma garota. 88. xD"

Obrigado por entrar em contato conosco. Não posso falar por minhas próprias palavras, mas existe um livro do renomado Ricardo Koiti d'Abreu que diz "como chegar em uma garota". Segue-se o extrato adiante:

"Se há algo que é universalmente aceito como primeira frase ao 'chegar' numa garota, este algo é a milenaríssima [haha] frase:

'Oi.'

E há também o resto, que pode ser 'Meu nome é tal' ou 'Você tem uma cola para me emprestar?' ou até mesmo 'Eu vi você sentada, sozinha, nesse banco, olhando fixamente para lá, como que se esperasse alguém. Eu também espero alguém, posso sentar aqui?' 'Pode, oras, o banco é público" e ela ri-se, e aí você já vem com 'Esperando o namorado?' 'De que te interessa?' 'Nada, só curiosidade. Eu espero amigos, mas acho que eles não mais vêm.' 'Eu espero meu carona.' 'Que é seu namorado, presumo.' 'Meu irmão.' 'Então há chances.' 'Chances? O que você ach...' 'Chances dele não atrasar tanto. Namorados estão sempre desgraçadamente atrasados!' 'E qual a sua experiência com namorados? É um deles ou tem um deles?' E desta vez você sorri, 'Nenhum dos dois, nem tenho nem sou. Tampouco tenho namorada, e também me parece difícil que eu seja uma.' 'Realmente, parece.' 'E meu nome é de homem, chamo-me Carlos.' 'Que coincidência, eu sou Clara!' 'Clara crocodilo?' 'Ahn?' 'Haha, nada não.' 'Ah.' 'Pois foi um prazer conhecê-la, acho que já devo ir embora.' 'Mas e seus amigos?' 'Já se atrasaram mais de hora. E seu irmão?' 'Só chega daqui a quarenta minutos, estava apenas a divagar um pouco, a olhar os carros em movimento, esperando algo acontecer.' 'Pois aconteceu. Aceita comer algo no Gopala?' 'Eu já comi...' 'Então tenho uma idéia melhor. Garanto que em meia hora estamos de volta.' 'E o que é?' 'Segredo. Vem comigo?' 'Vou.'"

Obrigado pela assuidade e pela coragem de mandar esta dúvida!

domingo, maio 21, 2006

A tênue linha entre o amor e o ódio (caixa-baixa).

- Eu te amo.
"Diabos, foi inevitável. Eu precisava dizer essas palavras, essas malditas palavras. Burro, burro, ela vai... Ela não vai gostar!"
- Por favor, não fique quieta...
"Isso não é bom. Não pode ser bom. O quê? Que resposta absurda!"
- Como assim "estou louco"?
"Ela parece estar quase lacrimejando, os olhos dela..."
- Mas... Você esteve comigo todo esse tempo, andando comigo, conversando comigo... Me dando bola...
"Não acredito!"
- Eu te entendi errado? Mas que droga! E os seus olhares?
"Ela... não. Droga."
- Você olha assim pra todo mundo? Você acha que eu sou idiota?
"Vadia, cadela, ficou insinuando-se todo esse tempo e agora... Puta!"
- Você não respondeu: você acha que eu sou idiota?
"Se eu pudesse, eu acertava uma na cara dessa vagabunda."
- Pode jogar na minha cara, vai! Você só tava brincando comigo, né?
"..."
- Enfia essas desculpas no seu rabo!
"Ainda tem a coragem de fingir o pranto..."
- Não importa nada dessa merda! Eu te odeio, sua vaca. Eu te... odeio.
"Vamos, chora de verdade!"
- Isso, vai embora! Vai pegar outro otário!
"É... Nem gostava dela, mesmo."

segunda-feira, maio 15, 2006

Reino do Terror?

A vontade brasileira de imitar os estrangeiros, em especial os americanos, finalmente pôde ser satisfeita, na cidade de São Paulo.

Temos nossos terroristas aqui, muito menos ortodoxos que os do Oriente Médio e, certamente, menos suicidas que os mesmos. Mas eles são terroristas e fazem seus ataques flamboyant, ou ao menos fingem que fazem.

Sem querer desmerecer os mortos pelos atentados do PCC. Eles existem e eu não duvido disso. Mas hoje, em minha prezadíssima escola (sem ironias), presenciei o efeito do medo nas pessoas. Ou, como elas mesmas dizem, "não é medo, é só pra garantir que nada ruim acontecerá" ou "não sou eu, são meus pais".

Eu acredito. Mas são estes aspectos que caracterizam a indústria do medo: há uma ameaça real, e qualquer um pode sofrer com ela. Portanto, compremos todos máscaras de gás e fuzis!

Além disso, nota-se a presença de diversos boatos inconsistentes, mas que numa situação calamitosa soam verossímeis:

A estação Sé foi metralhada! A Ana Rosa também! Bombardearam o Paraíso!

Puxa vida! Até o Éden está sendo atacado? Os bandidos são tão poderosos que têm poder também no pós-vida?

Bang bang, para vocês.

PS: Voltei mais cedo do que planejara para casa no dia de hoje, com meu papai. Só por precaução, claro.

quinta-feira, abril 27, 2006

Interlúdio.

Então ele disse, Não pode haver motivo para alarde, Não, perguntou o outro, Não mesmo, é certeza que isto dará certo, não há o que temer, respondeu o primeiro. Mas será que nada dará errado mesmo, insistiu o segundo, inseguro, Assim, eu não sei se a chance é tão pequena assim, É sim, eu já te disse, gritou o segundo, Mas se as chances são pequenas significa que elas existem, Eu não disse que não existiam, Disse sim, você falou que era certeza, Falei por falar, não há como ter certeza, poxa.

segunda-feira, abril 17, 2006

Orações subordinadas adjetivas.

Nota-se com facilidade que das muitas coisas que falamos quando realizamos uma discussão que tem como objetivo explicar as idéias que queremos mostrar, assim como somá-las às outras que queremos dizer, usamos extensivamente as orações subordinadas adjetivas, que se utilizam de outras frases que podem dar outras informações mais profundas que poderão assim definir melhor as coisas que devem ser discutidas ou que devem ser limitadas, havendo casos em que se deve e em outros em que não se deve utilizar a vírgula. Vemos então que o estudo das orações que foi realizado em nossas séries fundamentais realmente é útil em todas as situações que necessitam de uma subordinação, que é adjetiva.

=

Adorno demais é igual a transtorno.
Ou, em outras palavras:
Adorno que é utilizado em demasia é igual a transtorno que é causado justamente pelo uso excessivo de expressões que acabam por ser repetições de palavras e idéias que já foram amplamente entendidas.

quinta-feira, abril 13, 2006

Quatro bimestres elevados a três!

Isto está sob manutenção. Pois é, enganei vocês, esse post pode se modificar por si próprio. Hahaha.

domingo, abril 09, 2006

Somando críticas

Poemas
Não se fazem
De versos
!

Poemas
Não se fazem
De versos
Não!

Poemas
Não se fazem
Não,
Não!

Poemas
Não,
Não,
Não!

Não;
Não,
Não,
Não!

Nem de estrofes.

segunda-feira, abril 03, 2006

Nova Litera!

Tomei como missão pessoal participar do desenvolvimento da Nova Literatura. Não que ela realmente necessite de muitos elementos novos e inovadores, mas... De certa forma, quero participar da Literatura. Da nossa literatura, a que será feita daqui a algumas décadas.


literatura - s.f

do Lat. literratura
s. f., arte de compor escritos artísticos;
o exercício da eloquência e da poesia;
conjunto de produções literárias de um país ou de uma época;
carreira das letras.

- de cordel: literatura de baixa qualidade.

Será possível haver uma literatura comercial sem ser de cordel? Há diversos exemplos bons, e mais diversos - e perversos- desanimadores.

Seja como for, eu, em minha ambição um tanto infantil, produzo. Embora caros amigos meus no ofício das artes digam que é uma tremenda tolice, arrisco até a escrever um livro. Não sou grande adepto de teoria antes de ação, mas levo o lema teoria é ação anotado em meu caderno humilde e malenque.

Não espero que realmente haja espaço para mim, mas tenho esperanças de poder abrir meu próprio espaço, meu próprio nicho. E viver disso, somente disso algum dia, quem sabe.

Desenvolver algo novo. Nova Litera. Alguns companheiros dizem que estão comigo nessa luta, os mesmos (o mesmo) que me desencorajam a seguir em frente com meu livreco. Com opiniões divergentes ou não, espero conseguir aliados.

Pela Nova Letra!

Anotações sobre a Magia (matemática).

Nota: Estou utilizando meu blog como rascunho para minhas idéias. Não liguem.

A magia de Quadratta tem lá suas similaridades com a 'magia' da trilogia 'Matrix'. Basicamente, trata-se de quebrar limites. Também trata-se de números.

A questão aqui é que o universo de Quadratta é fruto de uma inequação de uma mente inadequada. Além disso, as leis numéricas regem o mundo de Quadratta. Mas... Até que ponto? Talvez o significado esteja além de simplesmente controlar as ações da população.

Com a matemática apenas talvez seja possível modificar o mundo. Afinal, porque a matemática precisa ser apenas uma idéia, e não um conceito real? A força dos homens é potente o suficiente para isso, em meu mundo cúbico.

Sendo assim, é possível voar, simplesmente caindo para cima, alterando o sinal da aceleração da gravidade. É possível um sem-fim de coisas, limitado apenas por números. Números... Então, Elevado a Três tornar-se-á um novo Harry Potter?

Nunca.

Entretanto, o contraste racionalidade/magia é interessante, embora não tão inédito. Mas acredito que posso sim inovar, de certa forma.

Afinal, quem determina as verdades de meu universo sou eu, e apenas eu. Mesmo que eles nunca saibam que estão errados, que todos acreditem numa besteira qualquer, eu saberei a verdade.

Escrever é bom.

Fim de devaneios.

sábado, abril 01, 2006

Acabou o sonho.

Pois é, minha gente. Não quero ser mais escritor.

Caí na real: eu escrevo mal pra caramba. Não domino figuras de linguagem, não tenho a menor noção de estilo... Sou mais um imbecil achando que sabe escrever alguma coisinha.

Acabou. O livro que eu vinha escrevendo, o Elevado a Três, morreu também. Não vou continuar mais.

Também acabou meu sonho de algum dia publicá-lo, obviamente. Meu estilo cru e medíocre me irritou tanto que agora me cansei.

Para todos que acreditavam em mim, muito obrigado.

Para os outros que torciam pela minha derrota: vocês estavam certos.

quinta-feira, março 30, 2006

Preconceito.

Desculpem, mas este será um post indignado.

Tive uma discussão com minha mãe agora há pouco. Resolvi, experimentalmente, contar pra ela que usei uma saia hoje. Infelizmente, a reação dela passou um tanto do esperado e calculado.

Eu imaginava que ela acharia bobagem, perguntaria porque diabos eu vesti a saia e outras coisas do tipo. Foi engraçado ver que ela disse "Ah, se seu pai fica sabendo disso", e depois "Espera só seu pai saber disso".

E me deu todo um sermão sobre a impressão das outras pessoas. Falou que se eu queria me travestir, era melhor eu já avisar pra ela já ir se preparando. Disse também que meus amigos (hah, meus AMIGOS) falariam de mim pelas costas, me chamando de viado e tralala. E ressaltou que eu falo que não me importo porque não sei em que dimensão isso pode chegar.

Pois eu pergunto:

Até onde o preconceito pode chegar?

Eu tenho plena convicção de minha "escolha" sexual, e tenho certeza que todos os meus amigos de verdade sabem que sou hétero, e mesmo que eu não fosse, não ligariam para isso.
Tenho plena convicção também que o ambiente da Federal não possui muitas pessoas que julgam as outras nesse sentido. Elas podem até pensar: "Olha que bicha!" ou até comentar isso com alguém do lado, mas podem também mudar de opinião caso convivam melhor com a pessoa.

Por que a censura de minha mãe (que, aliás, ouviu um discurso inflamado meu, em defesa de meus ideais [que se resumem a: a saia é bonita, é confortável e é divertida de usar, não há porque censurar isso] e dos alunos da CEFET-SP)? Digo, ela é uma pessoa inteligente, com acesso a bastante informação.

Por que essa vontade intensa de manter os seus mesmos valores? Eu não estava pedindo para colocar um piercing, muito menos tatuar-me. Aliás, nem pedia nada. Apenas mostrei o que eu tinha feito nesse dia.

Aliás, ela concordou com a postura da escola (de proibir a saia masculina).

Eu acho isso absurdo. São valores portugueses que perduram até hoje e que já deviam ter sido quebrados há muito. Somos um povo tropical, ora bolas!

E... Tá, esse post foi uma bobagem só. Mas vou deixá-lo por aqui. Só espero que meu pai não descubra o que aqui escrevi.

terça-feira, março 28, 2006

Crítica lírica.

Poemas
Não se fazem
De versos
!

segunda-feira, março 20, 2006

Manual Prático da Auto-Caracterização (ou: como parecer muito mais do que você é!)!

Sejam bem vindos ao... Manual Prático da Auto-Caracterização!

Sim, agora você pode ser mais do que você mesmo é!


Pois bem, comecemos nossa aula. Você é um simples mortal, tão sem graça quanto outro qualquer. Sente-se mais uma formiguinha invisível no mundo, tem suas idéias negadas a maior parte do tempo e, infelizmente, é um zero à esquerda com qualquer coisa com mais curvas que uma tábua de passar roupa.

Mas eu tenho a solução!

Você pode achar que não tem um problema tão sério assim, mas é óbvio que seu caso é grave. O seu caso sempre é grave, embora a maior parte das pessoas não dê a mínima para isto. Como brilhar? Tem que haver um modo de ser melhor do que os outros, não tem?

Pois bem, começaremos com a lição básica: você nunca será nada sendo apenas você. Você é medíocre. Mas você pode facilmente fingir ser mais do que é! Seguem-se as dicas:


1- Fale alto. Mas não fale alto demais. Fale apenas alto o suficiente para sua voz sobrepor a de todos os outros, mas sem machucar os ouvidos de ninguém. Ao conseguir a atenção das outras pessoas mantenha contato visual e nunca perca a atenção delas. Sorria.

2- Seja engraçado, mas apenas o suficiente para não parecer um bobo-da-corte. A não ser que você queira ser conhecido pela sua quantidade exorbitante de ridicularidade.

3- Invente trejeitos. Aja levemente diferente das outras pessoas. Invente gírias e faça elas tornarem-se suas trademarks. Ria com gosto, brinque com as outras pessoas, mas sempre pareça preocupado com o que elas pensam. Deixe que as outras pessoas falem sobre elas, para então ter uma oportunidade de falar sobre sua vida legal.

4- Sempre tente conquistar espaço. Mas nunca seja invasivo. Brinque de conquistar direitos sobre a outra pessoa, brinque com os sentimentos de todos e sempre sorria, mesmo que você queira matar a outra pessoa. Fique bravo quando te desrespeitarem demais, mas nunca deixe muito claro o que é desrespeitar demais para você.

5- Seja inconstante. Mesmo que você seja completamente estável, finja ser inconstante. Não acompanhe as modas, invente-as.

6- Fale sobre qualquer coisa, mesmo que não saiba nada a respeito ou odeie o assunto. Seja simpático, mas nunca pareça burro.

7- Dance.

8- Beije.

9- Faça sexo, ou finja que faça sexo. Conte para todo mundo depois (sejam as experiências reais ou não).

10- Fale sobre assuntos mundanos como se eles fossem a coisa mais interessante do mundo! O segredo é agregar valor às coisas, principalmente às que não têm valor algum.

[...]

terça-feira, março 07, 2006

Crônica (fictícia) rabiscada no caderno.

- Cê tá me mentindo.
- Estou nada.
- Cê tá falando sério mesmo?
- Olha, não podia ser mais sério do que o que eu falei. É verdade.
- Cê comeu ela mesmo?
- Aham.
- Mas... Mas... Ela parece o tipo de pessoa que é virgem pra sempre!
- Que nada. Ela é safada.
- É? Ela é tão... meiga!
- Isso porque você não conhece direito...
- Foi bom?
- Ô. Foi ótimo.
- O que cês fizeram, exatamente?
- Porra, aí já não interessa.
- Ahn... Parabéns, cara.
- Parabéns por o quê?
- Parabéns, ué. Sempre quis trepá com ela.
- Sério?
- Uhum, ela é tão...
- Olha, você podia não falar sobre os motivos pelos quais você queria fodê-la?
- Tá.
- Que bom.
- ...
- O que foi?
- Sortudo da porra.
- Não foi sorte.
- Foi o quê?
- Habilidade.
- ...
- Bom, acho que vou pra casa.
- Tá cansadinho, é? De tanto transar com a gostosa, é?
- Vá se foder.

E neste dia acabou uma amizade de 8 anos.

quinta-feira, março 02, 2006

Impotência.

"A impotência é o pior sentimento humano", disse alguém. Não conseguir algo é diretamente correlacionado com a idéia de fracasso. E como poderia ser diferente? Não poder é não realizar. Sem realizações não há satisfação do ego.

Mas por que temos que fazer diferença no mundo? A impotência foi criada pelos homens justamente por sermos os únicos animais terrestres cujas pretensões vão muito além da sobrevivência. Trocamos poderes por deveres.

O que poderia ser feito passa a dever ser feito. A sociedade requere. Mas muito mais importante, muito mais íntimo: nós mesmos requeremos.

E aí está o problema: sentimo-nos mal quando não podemos justamente por acharmos que devemos ser, fazer e conquistar tudo. Somos impotentes, todos nós. É impossível conseguir tudo a própria idéia de conseguir tudo é um tanto imbecil. Mas mesmo assim, somos eternos fracassados.

É claro que achamos (ou, muito mais apropriado, inventamos) um poderosíssimo remédio para a impotência. E olha que nem estou falando do Viagra ®. Falo do dinheiro. Virtualmente tudo pode ser comprado por ele, e assim pode-se conseguir virtualmente todas as vontades mundiais. Podemos enfim ser (virtualmente) felizes. Pelo menos até a próxima desilusão.

A culpa talvez seja de nossos pais, que nos mimam, nos protegem, nos dão tudo que queremos. Será? Mesmo quem teve pouco dado pelos pais, e talvez até principalmente estes, sentem a impotência desde pequenos. Impotentes por terem menos do que os garotos estragados? Talvez. Impotentes por perceberem que o mundo é enormemente grande e nós somos minúsculos? Talvez.

Às vezes, queremos algo apenas para evitar a sensação de que não conseguimos este algo. Uma busca incessável pela não-impotência, como as garotas impossíveis de se conquistar dos filmes americanos, no eterno jogo de conquista-coração-foge-conquista-outro-coração e por aí vai.

Mas este sentimento está aí e nada podemos fazer contra ele. E se você não fica triste de saber disso, parabéns: você não está tão perto das garras da impotência.

Tenham todos um bom dia, se puderem.

PS: Ah, sim. Eu não estava muito motivado a escrever esse texto. Ou melhor, transcrever o modificando diretamente de meu caderno. Mas eu li na tela do blogger "Criar Postagem" e, por alguns instantes, li "Criar Coragem". Foi divino!

domingo, fevereiro 26, 2006

Confissões.

Vou ser franco com vocês, meus leitores:

Encarei essa mesma tela do Blogger dezenas de vezes, desde minha última atualização de verdade.

Escrevi um número considerável de começos de posts, também. E acontece que não consigo postar nada. Eu não diria que não tenho o que falar, mas falta o como.

Não sei se é questão de innspiração, se secou meu mísero pocinho, eu sei que está difícil a coisa aqui.

Eu queria falar sobre o Amor-consumo, sobre o passado, sobre o vazio que toma a mente das pessoas (tema que eu abordei numa folha de meu caderno e que creio que não transporei para aqui).

Eu confesso que estou me sentindo incompetente.

Confesso... Devia me envergonhar? Alguém realmente espera algo dos posts? Não é apenas uma satisfação egocêntrica? Eu não sei.

Vocês terão notícias de mim quando eu me curar.

domingo, janeiro 29, 2006

S.I.G.L.A.S

S.I.G.L.A.S.: Scientist-Injuring, Geek-Lacerating Abomination of Spite

R.I.C.A.R.D.O.: Robotic Intelligent Construct Assembled for Repair and Dangerous Observation
A.M.O.R.A.: Angel Made for Orgasms and Rapturous Affection
B.I.S.S.A.: Bloke Imparting Sensual Stimulation and Affection
L.U.L.A.: Lycanthrope from the Underground Legendary Abbey
P.U.T.A.: Princess Undertaking Touches and Affection
F.E.D.E.R.A.L.: Functional Electronic Device Engineered for Repair and Accurate Learning
V.I.D.A.: Virile Individual Delivering Affection
M.O.R.T.E.: Malevolent, Orphan-Reaping Terror of Emotion
I.N.U.T.I.L.: Intelligent Networked Utility and Thorough Infiltration Lifeform
I.B.E.: Intelligent Biomechanical Entity
I.B.E.: Investigator-Beheading Enigma
I.B.E.: Individual Bestowing Embraces
L.O.L.: Logical Observation Lifeform
L.O.L.: Lover Offering Loving
M.H.S.: Marvelous Handsome Seductress
M.H.S.: Monster from the Haunted Sanctuary
M.H.S.: Machine Hardwired for Sabotage
H.A.C.K.Y.: Handcrafted Artificial Construct Keen on Yelling
H.A.C.K.Y.: Hunk Administering Carnal Kisses and Yeses
C.U.: Charming Unit

http://sexy.namedecoder.com/
http://monster.namedecoder.com/
http://cyborg.namedecoder.com/

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Não existe nada.

Não existe nada, não existe improbabilidade.

(pausa paradoxal: Dizer que o nada não existe é niilismo?)


Tudo não é nada;
Alguma coisa não é nada;
Nada é nada, mas para nada ser, precisa ser algo.
Portanto, nada não é nada.

Se nada é nada, não pode ser nada.

Certo.

É fato conhecido por todos que as coisas mais improváveis insistem em acontecer, sempre. Sempre há algo improvável acontecendo. Se sempre há algo improvavel acontecendo, o improvável deixa de ser improvável, e assim, acontece nada. Ou não acontece nada, já que acontece o provável.

Improbabilidade é nada.

Sendo assim, substituindo:

Provável não é improvável;
Acontecimento não é improvável;
Improbabilidade é improvavel, mas para improbabilidade acontecer, precisa ser um acontecimento.
Portanto, improbabilidade não é improvável.
Se improbabilidade é improvável, não pode ser improvável.

O nada não existe.
A improbabilidade também não existe.


Adeus, vácuo.