quinta-feira, outubro 25, 2007

Explicação literária:

O Índice indica o Índice indica o Índice indica o Índice indica o Índice indica o Índice indica o Índice indica o [...]

domingo, outubro 21, 2007

Definição autoral.

Você é doida, é isso que é. Como se uma louca no escuro dançando, como o erro que ainda não foi, como o próprio erro que se é quando se é o que se é.
Você é aquele medo que nos ataca por trás, o breve arrepio na nuca.
Um círculo de fogo, o losango sobre o quadrado.
Você é a saudade dos tempos que se foram, a única garantia de um futuro. [...]

Eu sou aquele que sonha.

quarta-feira, outubro 17, 2007

Post 125: Sobre os imprevistos numa filmagem.

Engraçado que as coisas pareçam dar tão certo e nós saibamos tão bem também, ao mesmo tempo, que tudo vai dar errado e está se saindo de forma desastrosa e que é justamente nosso trabalho que salva tudo. Hoje, na filmagem de algumas cenas exteriores, aconteceu um acidente imprevisível e absurdo, chocantíssimo! Pois é, sabem a cena da perseguição nas ruas do Centro? O dia acordou feio e úmido, mas a filmagem tinha que rolar hoje mesmo, então pegamos todo o equipamento e fomos direto pras ruas pra conseguir no mínimo de takes possível, já que essas coisas saem caro e não é muito bom desviar o trânsito por mais de uma hora.

Chegamos lá bem cedinho, no horário que a prefeitura estipulou, montamos tudo e preparamos os atores (as moças da maquiagem capricharam de verdade, dessa vez), os carros pareciam estar todos bem e as ruas já estavam prontas para a filmagem, a iluminação e a assistência de arte garantidas. A única coisa que me preocupava, mesmo, era o sol que não iria sair e que supostamente era necessário, mas nada que um diálogo não explicasse ou qualquer coisa assim. Os dublês entraram nos carros, as câmeras foram posicionadas e testadas e eu, com aquela felicidade fetichista que sempre me ocorre, gritei Ação! e tudo começou a rodar perfeitamente...

Os pneus cantaram, a Mercedes partiu, veloz, correu alguns quarteirões, deu a volta na praça, a polícia logo atrás dela, tudo sem muito alarido, sem nenhuma destruição, as rodas deslizantes no asfalto molhado e toda a emoção de uma cena filmada bem no coração da cidade, mas a cidade falsa do cinema, a cidade dos figurantes contratados e com frio, a cidade das mentiras que apenas parecem... Foi nisso que um infeliz se jogou bem na frente do carro, amassando tudo e sendo jogado pro lado. Quem trabalha com isso sabe como os nervos parecem explodir como pipocas (na verdade, como os milhos, as pipocas não explodem) quando esse tipo de imprevisto acontece, quando uma tragédia chega e... Pá! Bem no seu único carro, bem na frente das câmeras.

Corremos para o jovem estirado no chão, não era da equipe, estava acordado, não obstante ferido. Muito ferido, gravíssimo, com uma poça de sangue e os ossos tudo à mostra! E por que você fez isso? "Eu queria aparecer nesse filme." Você é louco? "Eu sou um grande fã e..." Merda! Assina aqui, assina aqui!

Aí ele assinou que cedia os direitos de imagem dele e agora tivemos que arranjar um jeito de colocá-lo na história. Filmamos mais algumas cenas com o corpo dele e hoje a noite vou jantar com o roteirista para acertar alguns ajustes no roteiro. Mas a cena ficou muito realista, é incrível!

segunda-feira, outubro 08, 2007

A coisa que não se explica porque não é.

Moça, idade pouca, mocidade louca, andou por aí, desviando as intenções de muita gente da boa, direita e afeita à gente assim, simpaticíssima e loura. Não fazia de gosto, mas só de viver um pouquinho-pouquinho perto da referida gaiata, você já ficava todo-todo assanhado, mesmo sem sinal sequer de atenção e tenção de ter algo consigo por parte dela. E assim ela ia indo, distribuindo os sorrisos pras pessoas sem se aperceber de que algo tinha muito errado nisso tudo e que não era pra tanto assim.

Pois é que não era tão garbosa, embora personalidade até tivesse, e nem sabia conversar tão bem assim; se tomava a prosa não soltava mais e era só dela a voz que se ouvia, se sentia — e s’aplaudia! Mas, como exposto, o rosto dava gosto talvez justo pelo oposto: embora fosse esquisita, fosse sinistra, fosse toda fora do eixo, a moça fazia de um jeito que parecia até natural ser assim tão ruim, quando se tem dentes tão bonitos e se é tão feliz e...

Foi pessoa de bem, também, mas é claro que não pôde dar certo, e acabou-se tudo quando o lirismo se exauriu.