domingo, dezembro 30, 2007

Clímax.

O primeiro ato durou poucos minutos, o elenco inteiro subiu ao palco com cadeiras, ajustaram-nas de frente à platéia e as cortinas se fecharam. O público, atônito, esperou sentado por alguns minutos, mas os cochichos começaram e era tudo um grande rebuliço quando tocou o sinal e as pessoas começaram a buscar seus lugares.
Num átimo, as cortinas começaram a pegar fogo enquanto abriam-se vagarosamente, o alarme soou e a gritaraiada começou, as pernas atrapalhadas e todos como uma massa ébria de gado buscando as saídas. O único som superior ao desespero era o incrível aplaudir dos atores sobre o palco diante do puro deleite do espetáculo.

sábado, dezembro 22, 2007

Fuga e sumição.

O autor digitou uma despedida às pressas e

domingo, dezembro 16, 2007

O Cisne.

O Gui foi um garoto bom, porque não tocou no bolo que sua mãe mandou que ficasse intocado, não desarrumou nada e nem gastou telefone à toa enquanto esteve sozinho. Tava ocupado demais no banheiro de seu quarto, subindo em cima da privada para que pudesse ver melhor a sua benga refletida no espelho.

Ela era chamada assim, benga, quando estava molenga e balançava de um lado pro outro como um helicóptero. Quando a pica ficava dura, era chamada de pau, no masculino, no forte e direto ao ponto. Aquilo que era diversão boa, o Gui podia passar horas na frente do espelho mexendo nas suas coisas e testando novos ângulos, checando os pelinhos recém-nascidos e vendo sua divertida bunda de ponta-cabeça.

Também dançava todo brejeiro os ritmos mais diversos em frente ao espelho do quarto da mamãe, a benga acompanhava cada passo como numa valsa: vai pra lá, vai pra cá, vai pra lá... Embora Gui tenha sido um bom garoto, sua mãe gritou horrorizada ao vê-lo num complicado passe de balé, gloriosíssimo e nu.

sexta-feira, dezembro 14, 2007

Naturalismo.

Quando acordou, o dinossauro ainda estava lá. Bafo quente no cangote, daqueles que gelam a alma, que quer fugir num só instante, além do fedor de coisa apodrecida saindo daquela bocarra escancarada às costas do homem. Não havia nada a fazer, o que já foi já foi, agora só lhe restava chutar aquela puta velha pra fora de sua cama.

terça-feira, dezembro 11, 2007

Laika... uuuuhm... You know?

Laika (a que late) é um dos nomes mais populares de cachorro cá nesta territa e em outras.

Laika foi o último nome que a cadela Kudryavka teve, pois sua morte evitou que fosse apelidada mais uma vez.

Laika é o nome da raça daquela cachorra.

Laika foi o primeiro animal a ser lançado em órbita pelos seres humanos. Se algum foi ejetado antes por mãos divinas, não se sabe.

Laika é um Herói nacional (russo).

E por esses e outros motivos meu cachorro atenderá pelo nome Gagarin.

«Прошу передать главкому ВВС: задачу выполнил, приземлился в заданном районе, чувствую себя хорошо, ушибов и поломок нет».

sexta-feira, dezembro 07, 2007

Saudade do Soldado.

O tiro, o tiro-o-tiro-o-tiro-otiro
Otchiro Tchihiro metralhou o chinês,
Vazou mais mil vidas por baioneta
Pensando na Pátria deixada pra trás.

Os vietcongues, na mão de O'Neil,
Viraram papinha da boa e cremosa
Enquanto anos antes, n'América amada,
O Sul e o Norte pegaram em fuzil.

Chineses, vietcongues,
Otchiro e O'Neil;
Sulistas, nortistas e
A puta, que o pariu,
Morreram todos.

quarta-feira, dezembro 05, 2007

Amar: verbo impositivo.

Chego em casa cedo do trabalho (cedo no trabalho para um chefe desgraçadamente idiota e nojento, o ordinário) para supervisionar seu trabalho. E você está sempre lá, estatelado no nosso sofá, um pouco fedido de suor, um pouco pouco humano, um pouco porco... Finjo que não entendo e brigo consigo daquele jeito meio de mãe:

'Você vai ficar deitado o dia inteiro, Fernando?

Quando muito, você ergue as mãos de poeta, aponta para a cozinha e brama:

'A Brahma, Eduardo!

Cedo em casa para meu artista jogado inutilmente pelos cantos, que passa o dia inteiro sem nada fazer ou produzir e que, vez em vez, cede aos meus constantes apelos amorosos em seus ouvidos para que escreva alguma coisa.

É você que manda, mas sou eu que o sustento.