sábado, maio 16, 2009

É a sua vez de servir o café.

— Que que cê tá fazendo aí?

Ele olha para ela um pouco como que desentendido.

— Eu... ué, é exatamente o que parece. Tô escrevendo.

Ela sorri toda preguiçosa para ele, se arrasta até a pontinha da cama, até do lado do chão, onde ele está encurvado em torno d’uma cadernetinha .

— Acho que você não devia misturar trabalho com...igo.

Ele olha de esguelha para ela, ora, ora.

— Não é trabalho…

Ela bagunça um pouco mais o cabelo dele.

— É um diário? Você escreve sobre mim?

Ele descosta a caneta do papel, coloca o papel de lado. Olha-lhe um pouco ofendido.

— Não. É só… lazer, enfim. Escrevo sobre nada, mas é normal fazer assim.

Ela pende a cabeça cama abaixo, (mas só um pouquinho).

— E você acha gostoso? Posso experimentar?

Ele solta um pouco de ar, Por que não?, troca a página e entrega caneta e caderno, Talvez seja divertido.

— Ah, não, não é justo, vou escrever na mesma página que você e pronto.

Ela sorriu largamente, afinal, e pôs-se a escrever.

“existe coisa mais bonita do que acordar e ainda estar junto, de conhecer enfim como a outra pessoa é ao amanhecer, se ela se veste ou não, se ela prepara café-da-manhã ou se senta no chão e coloca-se a escrever, se ela é apenas uma mulher e apenas mais um pouco de sexo, ou então, talvez, ela seja muito mais inteligente do que pareceu ontem à noite, enquanto você a comia e provavelmente pensava que ela era só mais uma dessas, quando, na verdade, pode ser que ela realmente quisesse transar com você e gostasse muito de você e percebesse que, de manhã, você escreveria ainda antes dum banho, antes até de me acordar de alguma forma e dar os últimos beijos.”

Quantas línguas um homem deve conhecer para ser verdadeiramente?

Luz estrobofóbica, coisa assim,
os pèzinhos no chão
suingue besta
mão pra baixo
pro ar
pro cabelo
dela
(delas
pra um copo
de alguma coisa)
e uma calmitude grande
:)...
luz estrobonada, luz comprimida,
trem-bala velocidade-luz
na boca pros pés
mão pra baixo
cabeça
cima
cintura-costasbunda, você
(vocês)
:D!

420.

domingo, maio 10, 2009

fábula 07.

fábula 07 - histórias escritas sobre algo algum dia

Os títulos costumam ser substantivos (escrito por pura necessidade).

Naturalmente, não existe nada mais feio do que o corpo de uma mulher... necessariamente esburacado, essencialmente furos, ou seja... não entendo muito bem como conseguem fazer fotos tão lindas a partir de algo tão feio.

Buracos são, para mim, vazios, que sugam pela força da Lei de Murphy... ou de algum adendo dela.

...Sempre começo a escrever com uma ideia na cabeça... e ela se perde... sempre...

quinta-feira, maio 07, 2009

Futuro brilhante para a juventude iminente!

Cê vive de quê?

De lei Rouanet.

De fazer de trouxa?

Ah, mas que poxa;
de roubá os rico
pra dá pra us pobre
coitado que assiste
cinema de nobre.

domingo, maio 03, 2009

Parece que já é maio e estamos com o cronograma atrasado.

Quando ele percebeu que batiam palmas ao ritmo da música, calou-se como se calam os ofendidos, fechou os olhos para baixo, segurou a guitarra con fuerza e quis arremessá-la contra o povo. Não era esse tipo de envolvimento que ele esperava das pessoas, a música não devia ser algo assim intrometida pelos outros.

Quando eu percebi que batiam palmas ao ritmo da música, entrei no jogo, também, afinal de contas, não é mesmo?

Quando percebemos que ele não cantava mais, começamos nós a cantar, certos de que ele dava espaço para o público participar do show, que ele estava feliz com isso.

Quando ela percebeu o que acontecia com o heartburn dele, decepcionou-se com a falta de visão e prepotência e sabe mais o quê. Para ela, era lógico que rock (ou o que quer que fosse que ele tocava, hoje em dia...) era para ser apreciado por pessoas e que era natural que elas se sentissem envolvidas.

Eu, particularmente, não consigo me animar muito com isso de dançar e pular. Bater palmas, cantar refrão, bater cabeça, não sei, presume muita noção musical que eu não tenho.

Ele, particularmente, gosta de música.

Ela, particularmente, gosta dele.

Nós, particularmente, não temos ideia do que está acontecendo e pulamos já pela vigésima hora consecutiva.

Ele, particularmente, é um chato que está indo pra casa.

O show goes on, porque music is my radar.