"Achei há dois anos, num sebo escondido numa rua suja, um livro 'interessante'. Chamava-se 'O segredo do futuro' e dizia que fora escrito originalmente por um chinês, havia milhares e milhares de anos. Um hippie doido deve tê-lo traduzido, julgando pela data da edição. Comprei, pela curiosidade e pelo preço.
O livro tratava, em sua primeira metade, sobre a existência do Futuro. Argumentava que realmente existia um caminho pré-determinado e que — após um tanto de escrito com pouco valor — havia meios verdadeiros de se ver o Futuro. Na verdade, só seria possível descobri-lo até o fim da sua vida. Eu entendo que seja difícil de entender, mas o livro diz que se você morrerá em 2032, será possível ver todo o seu futuro até essa data.
O meio mais simples apresentado por Fa Ming — suponho que seja esse o nome do autor, agora me falha à memória — para espiar o Futuro é um chá feito de diversas ervas misturadas com alguns ingredientes caríssimos e de difícil obtenção. Após ler todo o livro, decidi que a única coisa que valia era a tal receita. Arranquei as 30 páginas que tratavam da confecção desse incrível 'medicamento' e joguei todo o resto fora.
Nenhuma das ervas era alucinógena, mas quase todas eram muito raras por aqui. Por isso, tomei como uma espécie sadia de passatempo a procura pelos fantásticos ingredientes. De férias em férias, de eBay a eBay, consegui os itens, um por um. Isso tudo tomou um pouco menos de dois anos, e exatamente agora terminou minha busca. Como todas as ervas são secas e a maioria dos ingredientes imperecíveis, creio que estou preparado para a preparação.
Na verdade, escrevo enquanto a água ferve.
Ferveu. É incrível como uma receita supostamente tão incrível é tão simples. É só jogar tudo dentro... Não que eu realmente acredite na veracidade da coisa toda, mas supõe-se que o procedimento todo deveria ter algo mais de especial, de fantástico.
O resultado não é exatamente agradável: a mistura toda fede e tende para o verde-musgo, pedaços sólidos flutuam. Bem, no máximo acabo de preparar um alucinógeno poderosíssimo.
Amém."
Aqui o relato se perde. Mas reza a lenda que Ele viu, realmente, toda a sua vida, viveu todo o futuro pulsante que tinha pela frente, cada detalhe, cada segundo, cada minuto, cada década. Sentiu um fluxo tão intenso de vida que, após alguns instantes de frenesi de momentos felizes e tristes, acabou chegando no ponto inevitável de sua vida, que é a morte.
Parou o coração, acabou a droga de toda a vida.
O livro tratava, em sua primeira metade, sobre a existência do Futuro. Argumentava que realmente existia um caminho pré-determinado e que — após um tanto de escrito com pouco valor — havia meios verdadeiros de se ver o Futuro. Na verdade, só seria possível descobri-lo até o fim da sua vida. Eu entendo que seja difícil de entender, mas o livro diz que se você morrerá em 2032, será possível ver todo o seu futuro até essa data.
O meio mais simples apresentado por Fa Ming — suponho que seja esse o nome do autor, agora me falha à memória — para espiar o Futuro é um chá feito de diversas ervas misturadas com alguns ingredientes caríssimos e de difícil obtenção. Após ler todo o livro, decidi que a única coisa que valia era a tal receita. Arranquei as 30 páginas que tratavam da confecção desse incrível 'medicamento' e joguei todo o resto fora.
Nenhuma das ervas era alucinógena, mas quase todas eram muito raras por aqui. Por isso, tomei como uma espécie sadia de passatempo a procura pelos fantásticos ingredientes. De férias em férias, de eBay a eBay, consegui os itens, um por um. Isso tudo tomou um pouco menos de dois anos, e exatamente agora terminou minha busca. Como todas as ervas são secas e a maioria dos ingredientes imperecíveis, creio que estou preparado para a preparação.
Na verdade, escrevo enquanto a água ferve.
Ferveu. É incrível como uma receita supostamente tão incrível é tão simples. É só jogar tudo dentro... Não que eu realmente acredite na veracidade da coisa toda, mas supõe-se que o procedimento todo deveria ter algo mais de especial, de fantástico.
O resultado não é exatamente agradável: a mistura toda fede e tende para o verde-musgo, pedaços sólidos flutuam. Bem, no máximo acabo de preparar um alucinógeno poderosíssimo.
Amém."
Aqui o relato se perde. Mas reza a lenda que Ele viu, realmente, toda a sua vida, viveu todo o futuro pulsante que tinha pela frente, cada detalhe, cada segundo, cada minuto, cada década. Sentiu um fluxo tão intenso de vida que, após alguns instantes de frenesi de momentos felizes e tristes, acabou chegando no ponto inevitável de sua vida, que é a morte.
Parou o coração, acabou a droga de toda a vida.
Que coisa triste.
ResponderExcluirE bonita!
Sabe o que é mais irônico?
ResponderExcluirÉ que a vida é uma droga.
Em todos os sentidos.
Excelente texto. =)
Apenas eu me mantenho afastada de coisas verdes-musgo (ou seja la como se escreve o plural disso)?
ResponderExcluirPoxa...eu jurei que o cara ia passar a vida procurando as mal(bem)ditas ervas e morrer enquanto cozinhava o chá...
Pelo visto ando viciada em clichês...
Gostei do texto...se bem que eu tenho tendencias a gostar de quando os personagens morrem no final...
ciao...
"creio que agora estou preparado para a preparação".
ResponderExcluir*Acha muita graça, de novo*
Gostei do texto.
Realmente bom.
quantico !
ResponderExcluirSabe, eu gosto mais desse texto agora que o reli.
ResponderExcluirPra falar a verdade, é muito bom.
E dá muita margem para pensar em outras possibilidades e coisas!
Posso fazer uma fanfic? Uahushuauhs, é brincadeira. ._.. Sem graça.
posso perguntar de onde você tirou o relato? posso. recebeu espírito?
ResponderExcluirEu escrevi.
ResponderExcluirFoi meio espiritual o negócio, mesmo!
no futuro continuo o de sempre, que não cofra.
ResponderExcluirno futuro vírgula
ResponderExcluiresse mesmo