poeminha manco:
tropecei numa pedrinha
que entrou no meu sapato
penetrou como a espinha
de um peixe putrefato
meu pé ficou cheio de pus
perdi o tempo, o ritmo, a estrada
bati o dedão na quina da porta
escorreguei pela escada
daqui ali tem mais de um metro
ou será que um quilômetro?
não aguento nem um nanômetro
porque o momento é outro
não há tempo para o tempo
não há espaço para dançar
não há tempo para o outro
não há espaço para o momento
meu pé, caindo e roto,
me sugere que a dança
do momento e do espaço
é bater os incisivos
no asfalto