terça-feira, março 06, 2007

O garoto, a pipa e os bestsellers.

Lilo Rastros era um garoto absolutamente normal, que gostava de brincar e brincar, além de descansar e pintar desenhos. Os videogueimes não o interessavam demais, preferia a televisão.

Há uma falha narrativa aí, logo no começo. Se digo que ele era normal, é óbvio que algo de anormal acontecerá ou ele se tornará um pânque.

Tudo ia bem para Lilo Rastros até o dia em que se sentou em sua cadeira, logo à frente de sua escrivaninha, e sorriu para um papel em branco. Segurava o lápis confiante e encarava os olhos da folha, tanto desafiador como convidativo. Riscou, riscou e riscou.

Após terminar o que fazia, alargou mais o sorriso, enxugou o suor de sua testa como pôde e andou desajeitado com a folha até sua mãe, triunfante. Tropeçou três vezes, como se houvesse desaprendido a andar.

- Mãe, mãe, olha que eu fiz!

A mãe estava ocupada lavando a louça. Passaram-se alguns minutos.

- Oi, oi. É um desenho?
- É!
- Deixa a mãe dar uma olhada...

Ela agachou, também sorrindo. Pegou o papel e observou perplexamente. Fechou o sorriso.

- Que é isso?
- Não sei! Eu desenhei hoje!
- Como você desenhou isso?
- Eu o lápis, daí...

A mãe franziu o cenho, suspirou e levantou-se.

- Olha, não mente mais para a mãe. Eu sei que isso não é seu!
- É meu, eu desenhei!
- Não foi você que desenhou isso, filho! Onde você arranjou isso?
- Eu desenhei!

As linhas circulares do rosto de Lilo tornaram-se ésses, até zês. Chorou e chorou. A mãe bateu na bunda dele por não assumir a culpa e os anos trataram de esquecer isso tudo.

O desenho dizia, completamente legível e caligráfico:

"Havia uma bactéria. Lá estava ela, infectando a comida do menino, que a comeu junto com o hot-dog. A bactéria então fez seu caminho padrão e lá ficou, provocando distúrbios, até que outra bactéria maior, que viera de uma cápsula conhecida como Floratil, começou a comer a comida que a bactéria inicial pretendia comer. Então a bactéria inicial morreu de fome e foi cagada em jato. A outra bactéria não parecia causar mal algum para o intestino do moleque e, por isso, ficou lá numa boa. Isso até o moleque morrer e ela começar a comê-lo todo."

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