domingo, maio 27, 2007

Prófase I.

Agora, ela só era capaz de tentar focar seu olhar sobre a caneca sobre o pires, insistentemente olhando para um ponto um pouco mais distante do que o que procurava. Além disso, tremia de leve, tentava saber de onde vieram aquelas memórias e porque haviam sumido.

Naquele dia, lembrara, duas pessoas morreram, e o telefone lhe contara mais coisas além das poucas palavras que lembrava, que se limitavam a... Como era horrível se lembrar da voz amorfa! Não era exatamente um som, era como se houvesse conversado com idéias em seu estado mais puro, algo verdadeiramente divino, como... Monera.

Conseguiu, neste momento, sorrir de si mesma e de suas loucuras. Não havia ela mesma inventado o terrível acidente e aquela temível voz, que a fez chorar tanto e sofrer tanto quanto um humano poderia chorar e sofrer? Pois talvez...

TRIIIIIIIIIIIIM...
Sentiu o frio percorrendo-a,
TRIIIIIIIIIIIIM...
Cerrou os punhos e os olhos com força,
TRIII...!
- Oi.
Ela atendeu o telefone apenas porque o toque fazia sua cabeça doer e não havia mais ninguém para atendê-lo. Temia, é fato, que fosse novamente a voz, que novamente ela matasse alguém, que...
- Monera? É Carlos... Você não aparecerá na reunião, não é? Aconteceu alguma coisa?
- Não, é que... Cá, eu... Olha, eu tô c'uma puta dor de cabeça, mal consigo me levantar...
- Ceeeerto... Olha, tudo de melhor pra você, então.
- Não, mas eu faço a minha parte, pode ter certeza! Eu juro que se precisarem...
- Se precisarem? - e riu - Você faz parte do grupo!

Ouviu-se o silêncio do outro lado, marcado pela respiração ofegante de Monera. Carlos se mexeu do outro lado do telefone, impaciente.
- Mona, cê tá muito mal?
- Você... fala... falou em... negrito e itálico...?
- Olha... Eu vou deixar você descansar. Depois a gente vê como a gente faz. Melhora, hein?
Cléquiti.
Tuu--tuu--tuu--tuu--Monera--minha--Monera--tuu--és--a--deusa--da--humanidade--.
--Aceite--tuu--tuu-tuu--se--e--ao--mundo-- Atenção, o número que você discou não está disponível, verifique se...
Cléquiti.
Monera tremia de frio, encolhida no chão. Não podia ser, ela realmente ouviu a voz, pôde tentar decifrar se era um homem ou uma mulher, novamente, sentiu-se invadida como antes. De olhos vidrados, levantou-se incerta, procurou a janela, colocou ambas as mãos no fecho e falhou miseravelmente tentando abri-la. Jorrava lágrimas, mas sabia o que via: a janela negava-se abrir para ela.

Monera bateu o punho na escrivaninha algumas vezes, fazendo voar aleatoriamente os papéis, que, como pára-quedistas, cairam por toda sala, que era também seu escritório e quarto. Um logo à sua frente, exuberava a seguinte frase, em Minion, tamanho 24:

"A ti permite-se apenas a observação do mundo deles, que são como tu, exatamente como tu, mas não deuses."

Ela ergueu seu braço, formando uma linda silhueta carregada de raiva, e o baixou com toda a fúria que possuía, acertando em cheio a folha, a maldita folha que se levava muito a sério, e 10 mil japoneses do outro lado do mundo, vítimas do terremoto repentino que acometeu a península.

Quebrou-se um osso da mão de Monera, no entanto.

2 comentários:

  1. Escrevi na ignorância.

    Agora, só posso me sentir Monera...

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  2. Estudante de biologia12 agosto, 2009 19:16

    aii caralhooo vai estudar seoo burro

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