"Você aponta para a minha cara e diz que ora bola, isso que você fez, assim, eu acho que eu não estou à altura para entender, e diz isso sem racionalizar que dizer isso é dizer que eu estou acima ou abaixo ou que eu acho que estou acima ou abaixo, e isso é uma ofensa um pouco pesada tanto a mim quanto a você, pois o que mais me irrita é justamente essa alegação de que algo não foi entendido — é falta de sinceridade, a meu ver, é tudo tão simples e aquoso que a impressão sempre é verdadeira, isto é, exprimo e algo imprime em você e isso é certo, não passam de imagens, de verbos, de colagem, de algo que não é bem dito e justamente por isso não pode ser bem lido, mas é sempre compreensão, simpreensão, até. Esse medo de dizer que algo é ruim ou é besta e, ao invés disso, dizer: mas eu não entendi, como que eu posso achar qualquer coisa. Falta pretensão para que se possa fruir, falta acreditar no que você acha que foi dito e talvez quebrar a cara, mas aí o texto, o filme, a novidade toda, enfim, passam a ser suas e você pode então dizer que não gostou disso ou daquilo, que qual ou tal coisa não são relevantes etc, e então eu poderei dizer
mas isso porque você não entendeu nada.
e, se você for esperto, perceberá que o estou acusando injustamente, embora talvez eu esteja certo, às vezes."
j-l.g.
imcompressível
ResponderExcluirFruir não é uma escolha.
ResponderExcluirNão é o que ele disse, espero que isso esteja bem claro.
ResponderExcluirA pretensa falta de hierarquia se revela falha quando uma das partes diz a outra o grau de relevancia que ela (a outra) deve dar as proprias interpretacoes.
ResponderExcluir(embora o fato de encontrarmos um erro nessa questao especifica nao significa dizer que a segunda afirmacao -- justamente aquela que desdiz a primeira -- esteja errada)
ResponderExcluirNovamente, acho que não é isso que ele está dizendo, não há "hierarquia" no sentido que o artista tem uma função totalmente diferente da do "espectador", ao passo que a obra de arte em si é outra coisa mais outra ainda.
ResponderExcluirO ponto é que a condição criadora não é nem acima nem abaixo, possui outras dimensões, outro x e outro y, o gráfico é outro. Como pessoas, no entanto, estão todos ali, nivelados, um pouco iguais.
Mas justamente, quem disse que o papel do público não é alcançar a intensão original da obra, mas sim formar a sua própria?
ResponderExcluirA partir do momento em que o artista diz ao público qual o papel que este deveria adotar, ele está dizendo: "eu quero que você conceba uma sua, também". O público tem sua interpretação porque o artista assim determinou ou "autorizou".
Aliás, "Não é o que ele disse, espero que isso esteja bem claro."
lol
cara, cesi num intenderao nada.
ResponderExcluirNão há "autorização", ele não está falando que a intensão original não é apreendida pelo público etcetc. O PONTO, e é o que ele está falando, é que a apreensão acontece necessariamente, e a fruição deveria vir de um pouquinho mais de autoconfiança dos espectadores.
ResponderExcluirE aí não é nem uma receita de como entender as obras DELE, mas sim uma teoria da fruição, como a de Barthes, embora um pouco diferente. Se ele se coloca "acima", é tanto quanto qualquer teórico que diz qualquer coisa, mas eu não acho.