sexta-feira, novembro 19, 2010

autoficções número um

Uma sensação chatinha na minha cabeça, nas minhas pålpebras; tristeza de não saber fazer valer, de não saber o que fazer (me disseram: segure isto e fiquei segurando enquanto o tempo passava e eu era e fui decoração, parte da ne mise pas en scène, o secreto e que fica por detrás das câmeras e que deixa de significar quando o público vê, mas eu estava atrás das câmeras, ainda que fosse só um convidado (nem isso, na verdade, já que fui por vontade própria, por motivos que não existem, que não convêm (deitei-me numa peça de madeira que sabia que seria queimada em seguida, deitar-se na morte ("Ei, me ajuda aqui, segura desse lado" (quem me dera fosse "Segura-me aqui, aperta-me forte e faz-me gozar (confusão de pessoas, de como se deve fazer o imperativo (o imperativo é sempre dever))", mas nunca é e sempre penso voz alta ou em literatura), e eu seguro, eu carrego, eu suo e há um desprendimento em relação ao mundo que não tem tamanho, trabalholazersujeira) é a melhor coisa que existe, pois tudo é morte e Deus é bom), que estão no irracional, nos números indivisíveis, imprevisíveis, frutos de operações inapropriadas), um déspota sem o que despejar ou despojar, portanto algo próximo a algo que perdeu sua razão social, seu papel econômico, suas lentes de contato), de morrer naquela hora com aquele cheiro horroroso de borracha.

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