- Há motivo!
Há tempos que brindamos assim, o único brinde egocêntrico o suficiente para ser realmente válido. "Há motivo para eu estar brindando, assim como há motivo para você e para ele, e se for o mesmo motivo o de todos, tanto melhor".
- Quem dera houvesse motivo.
Mas hoje a Jô não está legal, não mesmo, mesmo assim brindamos novamente. Sempre há alguma coisa a se comemorar, a se torcer por, ou qualquer coisa do tipo. Tentamos:
- Há motivo sim, sua besta!
Ela olha como se quisesse "suicidar a todos nós", e realmente é esse o olhar, já que ela logo repete com palavras o que demonstra com a expressão facial.
- Eu se fosse vocês me matava. Vocês estão todos afundados na merda e ficam brindando aqui, nesse bar ridículo, com esses chopes gelados nesse frio também ridículo. Vão à merda, que não há merda de motivo algum!
A Jô levanta-se revoltada e vai-se, como se não soubéssemos das coisas ruins da vida e de como tudo vive caindo pro lado da bosta para se sujar um pouco. Não obstante, erguemos nossos chopes cheios de suor gotejante, sorrimos uns para os outros e, bem, é óbvio o que fizemos:
- Há motivo!
um brinde à la boêmio é sagrado, doa a quem doer
ResponderExcluirO melhor motivo é não haver motivo.
ResponderExcluirComo uma censura é de muito mais discrição que um elogio - O mundo é (ao menos em teor) individuniísta; viva à leveza - e tenho dito.
ResponderExcluirÉ sempre divertido.
ResponderExcluir=]
brindam o egoismo próprio. todos brindam juntos e depois cada um engole os proprios interesses individualmente, seja em forma de bebida, seja em forma de desejo.
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