domingo, julho 22, 2007

Sem Título, 20.

Não queria abrir os olhos, hoje cedo, porque ainda não havia decidido quem eu seria. Talvez fosse a ocasião de vestir o Marcos, já faz tanto tempo que não o vejo... Rolei na cama um bom tempo, ainda sem identidade, apenas um 'eu' vazio e sem nenhum gosto especial, ainda oscilante entre as diversas facetas que eu poderia assumir, as personalidades todas... Era quase duas horas, sabia mesmo sem olhar o relógio ou checar a claridade. Qual de nós acordava tarde assim? Nenhum, pareceu-me, já estou velho para essas coisas...

Tocou o telefone, atendi às cegas, era alguém em busca de um Fernando, Fernandinho, querendo saber se havia chegado bem em casa. Ponderei um bocado, sabia que eu e ninguém daquela casa éramos Fernando, mas talvez... Sim, sou eu, eu disse, está tudo bem, é como se eu tivesse nascido agorinha mesmo, como se eu só tivesse descoberto que estou aqui agora, com sua ligação, sua linda voz de barítono. Ele estranhou do outro lado e desligou, mas ao menos eu me decidi.

Conheci, hoje, numa das noitadas dignas de Fernando, eu, uma perfeita moça, raríssima. Penso em continuar sendo Fernando ao menos até amanhã, para não magoá-la.

3 comentários:

  1. Comentários de si para si:

    A grande vantagem do blog é que eu não fico tão acanhado de publicar lixos desse tipo.

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  2. Prefiro ser o Jorge ou o Edgar.
    São mais coroas e menos caras. =P

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  3. Não se deprecie. Não está ruim.

    Eu gostei.

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