Os jovens aventureiros finalmente encurralam o assombroso Senhor do Mal, que sem outra escolha prepara-se para lutar. Mas antes, os heróis o bombardeiam com uma explosão de insultos morais:
"Você é um homem cruel e tirano, deve morrer por nossas mãos! Somos a Justiça em pessoa e viemos para lhe matar."
"Vamos, rende-se que assim não o mataremos! Seu reino termina por aqui, seu calhorda!"
E por aí vai. O malvado olha para frente, cheio de ira. Pensa com ele mesmo que são cinco heróis descerebrados e completamente despreparados, que estão entupidos de moral ridícula até o intestino, passando obviamente por lá.
"Olha aqui", começa o malévolo, "não fui eu que matei mais de milhar em uma semana. Nem sou eu o intolerante aqui... Nunca destruí pessoas simplesmente por serem antagônicas a mim, mas simplesmente por serem opostas à evolução da nação", pigarreia um pouco, "sou apenas um bom governante, e as pessoas que me acham ruim é que são podres e deturpadas. Além disso, eu não sou um estereótipo ambulante que nem vocês, embora vocês realmente tentem me tornar um com essa baboseira de 'Senhor do Mal'".
Eles olham atônitos para o Distribuidor Mau da Maldade Tão do Mal que Mal Conseguimos Agüentá-la.
"Que merda é essa?" pergunta o de vermelho.
"É, que merda é essa?" e agora é a vez do azul.
As perguntas eram tanto para o Senhor das Trevas quanto para o diretor, que resolve então parar tudo.
"João, que merda é essa?" é a resposta-pergunta do diretor, direcionada ao Ator Que Faz o Mal Sempre.
"Cansei disso tudo. Eu tentei falar minha fala e não consegui."
"Mas a fala era 'Venham para a morte, então! Eu nunca desistirei!', era fácil, como assim não conseguiu?!"
Os power-rangers Cruzados vão tomar água e tirar a roupa cheia de suor um pouco.
"Não consegui por isso mesmo. Essa bosta de roteiro é sempre a mesma coisa!"
"É o que vende!"
E agora a câmera dá um close na cara do Ator Indignado, que franze o cenho preparando o grito:
"Então eu me demito dessa mediocridade ridícula! E espero que vocês passem o resto da vida filmando essas coisas ridículas para crianças de sete anos com mentalidade de um e meio. Vão à merda!"
- Corta! - diz o diretor, escondido da câmera - muito bom o trabalho, Carlos. Você ficou muito convincente como João... Ei, Max Overseas, gostei de sua interpretação de ator interpretando o Ricardo Coração-de-Pavão! E pedrinho, acho que você devia carregar mais o "Que merda é essa, João?"... Tenta pôr mais ênfase na merda. Vamo lá, todo mundo. Pausa de cinco minutinhos e vamo tentar de novo!
quarta-feira, junho 28, 2006
domingo, junho 25, 2006
Cadela!
"Doutor, você tem que me ajudar.
Eu olhei para o banco de passageiros de meu carro e onde ninguém estivera, agora havia um de meus pacientes, um dos casos mais graves, intensos e esquisitos. Certamente merecia todo o meu interesse, mas
"Agora não. Sézar, você precisa esperar sua hora! Eu sou um profissional...
Respondi então. Além do mais, atender pessoas em meu próprio carro não dava dinheiro algum. Entretanto, apesar de minha disposição de simplesmente ignorá-lo, a face insana do indivíduo realmente demonstrava, bem, insanidade.
"Doutor, é sério. Eu não agüento mais as torturas daquela cachorra! Eu estou ficando
Louco. Já me falara dessa maldita cadela milhões de vezes, disse que tentara se livrar dela um milhão de vezes, que ela sempre retornava para ele, sempre grudada em suas pernas, puxando-o para o Inferno. Não aceitava ficar em casa sozinha, apegara-se profundamente a ele, nunca deixava-o em paz.
"Ora, era justamente disso que falávamos na sessão de ontem. E também na de três dias atrás, e na da semana passada. Estou certo de que você pode esperar mais uma semana até a próxima. Estamos tratando de seu desvio de personalidade
Aos poucos, seu rosto passava a denotar grande sofrimento. Talvez até mais intenso do que da vez em que foi cruelmente atacado por aquela que alimentara e cuidara com tanto carinho. Uma mordida no pescoço, quase fatal.
"Eu matei aquela vaca com um tiro na cabeça. Me ajuda, eu preciso!
Referir-se a um canis familiaris chamando-o de vaca é um tanto peculiar. Não havia motivo para meu espanto, ele já devia ter feito isso há tempos. Felizmente, assassinar uma cadela não era mais grave, e com certeza menos doentio, do que praticar zoofilia e ter um amor incondicional pelo animal.
"Oh... Fico feliz que tenha se livrado dela, que atrapalhou tanto sua vida. Você deve se libertar dela, agora.
Sorri, afável, só talvez um pouquinho nervoso.
"Ajuda a me livrar dela! Eu tô com ela aqui nessa
Mochila de viagem grandíssima foi puxada para dentro do carro, a porta se fechou. Devia ser um animal de porte respeitável, nunca me dissera o porte dele, apenas algo sobre ser de raça alemã, pelos dourados, brilhantes. Sem falar nada, arranquei o carro e fui dirigindo até o centro da cidade.
"Podemos atirá-la no Lago da Memória. Aproveitamos e enterramos toda a sua neurose com este ato, não acha bom?
Ele concordou.
"Sim, doutor. Sim. Ah, finalmente minha vida vai entrar nos eixos, doutor!
Parei no tal Lago, ajudei-o a carregar a mala. Estava muito
"Pesada. Nossa, que mais tem aqui, sr. Sézar?
Ele me olhou surpreso, de soslaio.
"Nada mais. Ouvi falar que os corpos ficam mais pesados depois de mortos.
Concordei. Meus conhecimentos de biologia não iam muito além do pouco que lembrava do vestibular. Mas sabia que, sendo a bolsa de plástico impermeável, era melhor abri-la para não correr o risco de vê-la flutuando, triunfante, por sobre as águas. Peguei o zíper, puxei-o.
"Deus! Isto é
Horroroso! Uma cabeça loura, de pele clara, decapitada. Humana! Na confusão de braços, pernas e sangue percebi um tênue brilho dourado próximo ao pescoço da jovem. Lia-se Suzanna, 6733-4521, entrar em contato caso a encontre na rua.
Eu olhei para o banco de passageiros de meu carro e onde ninguém estivera, agora havia um de meus pacientes, um dos casos mais graves, intensos e esquisitos. Certamente merecia todo o meu interesse, mas
"Agora não. Sézar, você precisa esperar sua hora! Eu sou um profissional...
Respondi então. Além do mais, atender pessoas em meu próprio carro não dava dinheiro algum. Entretanto, apesar de minha disposição de simplesmente ignorá-lo, a face insana do indivíduo realmente demonstrava, bem, insanidade.
"Doutor, é sério. Eu não agüento mais as torturas daquela cachorra! Eu estou ficando
Louco. Já me falara dessa maldita cadela milhões de vezes, disse que tentara se livrar dela um milhão de vezes, que ela sempre retornava para ele, sempre grudada em suas pernas, puxando-o para o Inferno. Não aceitava ficar em casa sozinha, apegara-se profundamente a ele, nunca deixava-o em paz.
"Ora, era justamente disso que falávamos na sessão de ontem. E também na de três dias atrás, e na da semana passada. Estou certo de que você pode esperar mais uma semana até a próxima. Estamos tratando de seu desvio de personalidade
Aos poucos, seu rosto passava a denotar grande sofrimento. Talvez até mais intenso do que da vez em que foi cruelmente atacado por aquela que alimentara e cuidara com tanto carinho. Uma mordida no pescoço, quase fatal.
"Eu matei aquela vaca com um tiro na cabeça. Me ajuda, eu preciso!
Referir-se a um canis familiaris chamando-o de vaca é um tanto peculiar. Não havia motivo para meu espanto, ele já devia ter feito isso há tempos. Felizmente, assassinar uma cadela não era mais grave, e com certeza menos doentio, do que praticar zoofilia e ter um amor incondicional pelo animal.
"Oh... Fico feliz que tenha se livrado dela, que atrapalhou tanto sua vida. Você deve se libertar dela, agora.
Sorri, afável, só talvez um pouquinho nervoso.
"Ajuda a me livrar dela! Eu tô com ela aqui nessa
Mochila de viagem grandíssima foi puxada para dentro do carro, a porta se fechou. Devia ser um animal de porte respeitável, nunca me dissera o porte dele, apenas algo sobre ser de raça alemã, pelos dourados, brilhantes. Sem falar nada, arranquei o carro e fui dirigindo até o centro da cidade.
"Podemos atirá-la no Lago da Memória. Aproveitamos e enterramos toda a sua neurose com este ato, não acha bom?
Ele concordou.
"Sim, doutor. Sim. Ah, finalmente minha vida vai entrar nos eixos, doutor!
Parei no tal Lago, ajudei-o a carregar a mala. Estava muito
"Pesada. Nossa, que mais tem aqui, sr. Sézar?
Ele me olhou surpreso, de soslaio.
"Nada mais. Ouvi falar que os corpos ficam mais pesados depois de mortos.
Concordei. Meus conhecimentos de biologia não iam muito além do pouco que lembrava do vestibular. Mas sabia que, sendo a bolsa de plástico impermeável, era melhor abri-la para não correr o risco de vê-la flutuando, triunfante, por sobre as águas. Peguei o zíper, puxei-o.
"Deus! Isto é
Horroroso! Uma cabeça loura, de pele clara, decapitada. Humana! Na confusão de braços, pernas e sangue percebi um tênue brilho dourado próximo ao pescoço da jovem. Lia-se Suzanna, 6733-4521, entrar em contato caso a encontre na rua.
quarta-feira, junho 21, 2006
Se se morresse de amor.
Amor mata em Vila-Província e tem sua prisão decretada
Jovem suicida-se por amor não correspondido e MP é aprovada proibindo o amor para menores
Reportagem Roberto d'Abreu
Ontem (20/06, terça-feira) , às 19h23min, morreu o jovem S.S.A.F., de 16 anos, ao suicidar-se injetando ar em suas próprias veias. S.S.A.F. amava uma garota que o "ignorava constantemente e, quando me dava alguma atenção, era apenas para me humilhar", segundo informações do diário do garoto.
"Isso é terrível", disse à Redação a mãe do garoto, "o Estado devia educar as pessoas e mostrar que o amor é errado", completou.
"É realmente um absurdo que não haja um desencorajamento em relação ao amor", comentou o pai, muito revoltado com a injustiça que acontecera com seu filho. De família de extrema direita, S.S.A.F. tinha bom rendimento escolar, e parecia totalmente são. "O amor estragou meu filho. Se o governo fosse mais responsável, uma coisa dessas não aconteceria!"
Entendendo a importância do caso, medidas rápidas foram tomadas no Congresso Nacional. Foi aprovada ainda ontem uma Medida Provisória que proíbe o amor entre menores de idade. Segundo assessor do governo, o amor mata milhares de pessoas por ano e deve ser evitado a todo custo. "Uma grande redução nos crimes de paixão e nos índices de suicídios deve ocorrer em um intervalo curto de tempo", explicou o sociólogo Herbert Naizsm.
Entre os adolescentes, não fica clara qual a posição deles em relação à nova proibição. Enquanto a maioria afirma ser uma medida ditatorial e sem cabimento, há alguns poucos que louvaram a decisão, dizendo que a vida tornar-se-á muito melhor sem o complicado amor pelo caminho.
O Presidente fará um discurso amanhã, às 19h23min em rede nacional, tratando do assunto.
Jovem suicida-se por amor não correspondido e MP é aprovada proibindo o amor para menores
Reportagem Roberto d'Abreu
Ontem (20/06, terça-feira) , às 19h23min, morreu o jovem S.S.A.F., de 16 anos, ao suicidar-se injetando ar em suas próprias veias. S.S.A.F. amava uma garota que o "ignorava constantemente e, quando me dava alguma atenção, era apenas para me humilhar", segundo informações do diário do garoto.
"Isso é terrível", disse à Redação a mãe do garoto, "o Estado devia educar as pessoas e mostrar que o amor é errado", completou.
"É realmente um absurdo que não haja um desencorajamento em relação ao amor", comentou o pai, muito revoltado com a injustiça que acontecera com seu filho. De família de extrema direita, S.S.A.F. tinha bom rendimento escolar, e parecia totalmente são. "O amor estragou meu filho. Se o governo fosse mais responsável, uma coisa dessas não aconteceria!"
Entendendo a importância do caso, medidas rápidas foram tomadas no Congresso Nacional. Foi aprovada ainda ontem uma Medida Provisória que proíbe o amor entre menores de idade. Segundo assessor do governo, o amor mata milhares de pessoas por ano e deve ser evitado a todo custo. "Uma grande redução nos crimes de paixão e nos índices de suicídios deve ocorrer em um intervalo curto de tempo", explicou o sociólogo Herbert Naizsm.
Entre os adolescentes, não fica clara qual a posição deles em relação à nova proibição. Enquanto a maioria afirma ser uma medida ditatorial e sem cabimento, há alguns poucos que louvaram a decisão, dizendo que a vida tornar-se-á muito melhor sem o complicado amor pelo caminho.
O Presidente fará um discurso amanhã, às 19h23min em rede nacional, tratando do assunto.
terça-feira, junho 20, 2006
yatagarasu
mittsu no ashi
shikashi yattsu no hane
yatagarasu ga mottekite
otaiyou to shiawase
Em tradução livre:
o corvo de três patas
mas oito penas
voa trazendo o sol
e alegrias pequenas
domingo, junho 18, 2006
Novidades.
"[...]
Obrigado por sua carta, eu achava que vocês todos já tinham me esquecido! Está tudo bem por aqui sim, ou melhor, eu tive alguns probleminhas, mas quase todos já passaram.
[...]
Adivinha que eles me escolheram? Não, claro que não, não foi assim uma simples escolha, eu tive que batalhar pra conseguir a vaga. Pois é, eu serei um deles.
[...]
Não tive notícias da Aninha, como foi a cirurgia dela? É verdade que ela só tem um terço do estômago, agora? Ela já emagreceu?
[...]
Eu acho que eu volto para aí no final do ano. Vão fazer uma festinha, né? Pois bem, eu quero aquele champanhe ótimo daquela região lá. Além de tudo, eu acho que vou trazê-lo comigo!
[...]
Saudades de todos vocês! Abraços e beijos, do amigo seu,
[...]"
Obrigado por sua carta, eu achava que vocês todos já tinham me esquecido! Está tudo bem por aqui sim, ou melhor, eu tive alguns probleminhas, mas quase todos já passaram.
[...]
Adivinha que eles me escolheram? Não, claro que não, não foi assim uma simples escolha, eu tive que batalhar pra conseguir a vaga. Pois é, eu serei um deles.
[...]
Não tive notícias da Aninha, como foi a cirurgia dela? É verdade que ela só tem um terço do estômago, agora? Ela já emagreceu?
[...]
Eu acho que eu volto para aí no final do ano. Vão fazer uma festinha, né? Pois bem, eu quero aquele champanhe ótimo daquela região lá. Além de tudo, eu acho que vou trazê-lo comigo!
[...]
Saudades de todos vocês! Abraços e beijos, do amigo seu,
[...]"
quarta-feira, junho 07, 2006
Bobagem metalingüística.
- dicionário
- do b. Lat. dictionariu < Lat. dictione, locução
- s. m.,
- conjunto dos vocábulos de uma língua ou dos termos próprios de uma ciência ou arte, dispostos por ordem alfabética e com a respectiva significação ou a sua versão noutra língua.
- do b. Lat. dictionariu < Lat. dictione, locução
segunda-feira, junho 05, 2006
Lá no PC!
Isto vai completamente contra a conduta deste blog, mas sendo ele nada mais do que um blog, creio que não se manifestará contrário ao que vou dizer:
Tenho que escrever o texto introdutório do blog Lá no PC!, que é, obviamente, o blog do Plano C. Mas não está fácil. É uma responsabilidade relativamente grande, é difícil fazer textos introdutórios decentes.
Acho que não vou sair muito do básico.
É isso aí.
Tenho que escrever o texto introdutório do blog Lá no PC!, que é, obviamente, o blog do Plano C. Mas não está fácil. É uma responsabilidade relativamente grande, é difícil fazer textos introdutórios decentes.
Acho que não vou sair muito do básico.
É isso aí.
quinta-feira, junho 01, 2006
Minha utopia de estimação.
Apenas o silêncio e o nada podem ser realmente perfeitos. A falta de algo é a única coisa sem falha alguma, sem absolutamente nada. Mas como já discuti anteriormente, não sei se realmente é possível alcançar o nada.
Eu gostaria que fosse. Eu realmente espero que ao fim de minha vida tudo se torne... ah, bem, para que evitar a repetição, quando necessária? Bem, que tudo se torne nada.
O mundo dando lugar ao não-mundo e mais toda essa baboseira (hah.) teórica. O fato é que vocês não deviam se preocupar em ler este post. É um vazio, não tentem buscar algo no que não existe.
Obrigado.
Eu gostaria que fosse. Eu realmente espero que ao fim de minha vida tudo se torne... ah, bem, para que evitar a repetição, quando necessária? Bem, que tudo se torne nada.
O mundo dando lugar ao não-mundo e mais toda essa baboseira (hah.) teórica. O fato é que vocês não deviam se preocupar em ler este post. É um vazio, não tentem buscar algo no que não existe.
Obrigado.
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