"Doutor, você tem que me ajudar.
Eu olhei para o banco de passageiros de meu carro e onde ninguém estivera, agora havia um de meus pacientes, um dos casos mais graves, intensos e esquisitos. Certamente merecia todo o meu interesse, mas
"Agora não. Sézar, você precisa esperar sua hora! Eu sou um profissional...
Respondi então. Além do mais, atender pessoas em meu próprio carro não dava dinheiro algum. Entretanto, apesar de minha disposição de simplesmente ignorá-lo, a face insana do indivíduo realmente demonstrava, bem, insanidade.
"Doutor, é sério. Eu não agüento mais as torturas daquela cachorra! Eu estou ficando
Louco. Já me falara dessa maldita cadela milhões de vezes, disse que tentara se livrar dela um milhão de vezes, que ela sempre retornava para ele, sempre grudada em suas pernas, puxando-o para o Inferno. Não aceitava ficar em casa sozinha, apegara-se profundamente a ele, nunca deixava-o em paz.
"Ora, era justamente disso que falávamos na sessão de ontem. E também na de três dias atrás, e na da semana passada. Estou certo de que você pode esperar mais uma semana até a próxima. Estamos tratando de seu desvio de personalidade
Aos poucos, seu rosto passava a denotar grande sofrimento. Talvez até mais intenso do que da vez em que foi cruelmente atacado por aquela que alimentara e cuidara com tanto carinho. Uma mordida no pescoço, quase fatal.
"Eu matei aquela vaca com um tiro na cabeça. Me ajuda, eu preciso!
Referir-se a um canis familiaris chamando-o de vaca é um tanto peculiar. Não havia motivo para meu espanto, ele já devia ter feito isso há tempos. Felizmente, assassinar uma cadela não era mais grave, e com certeza menos doentio, do que praticar zoofilia e ter um amor incondicional pelo animal.
"Oh... Fico feliz que tenha se livrado dela, que atrapalhou tanto sua vida. Você deve se libertar dela, agora.
Sorri, afável, só talvez um pouquinho nervoso.
"Ajuda a me livrar dela! Eu tô com ela aqui nessa
Mochila de viagem grandíssima foi puxada para dentro do carro, a porta se fechou. Devia ser um animal de porte respeitável, nunca me dissera o porte dele, apenas algo sobre ser de raça alemã, pelos dourados, brilhantes. Sem falar nada, arranquei o carro e fui dirigindo até o centro da cidade.
"Podemos atirá-la no Lago da Memória. Aproveitamos e enterramos toda a sua neurose com este ato, não acha bom?
Ele concordou.
"Sim, doutor. Sim. Ah, finalmente minha vida vai entrar nos eixos, doutor!
Parei no tal Lago, ajudei-o a carregar a mala. Estava muito
"Pesada. Nossa, que mais tem aqui, sr. Sézar?
Ele me olhou surpreso, de soslaio.
"Nada mais. Ouvi falar que os corpos ficam mais pesados depois de mortos.
Concordei. Meus conhecimentos de biologia não iam muito além do pouco que lembrava do vestibular. Mas sabia que, sendo a bolsa de plástico impermeável, era melhor abri-la para não correr o risco de vê-la flutuando, triunfante, por sobre as águas. Peguei o zíper, puxei-o.
"Deus! Isto é
Horroroso! Uma cabeça loura, de pele clara, decapitada. Humana! Na confusão de braços, pernas e sangue percebi um tênue brilho dourado próximo ao pescoço da jovem. Lia-se Suzanna, 6733-4521, entrar em contato caso a encontre na rua.
hehehehe
ResponderExcluirengraçado.
Mas previsível.
Mas engraçado.
Pelo menos a forma de diálogo não é de toda previsível.
ResponderExcluirE eu quero saber o que você entendeu do texto, alce :D
ResponderExcluirbem, eu entendi uma sátira com a prostituição.
ResponderExcluirposso falar também?
ResponderExcluireu entendi uma experiência c/ diálogos entrecortados e sobre má comunicação.
bem, eu também entendi que não é só o HAcky que gosta de fingir que é arrogante. =]
ResponderExcluirEra sobre má interpretação, mesmo.
ResponderExcluirSobre um louco que acha que a namorada/mulher/etc é uma cadela (literalmente), e o psicólogo acredita no que o insano diz, achando que ele que dava ações humanas a seu cachorro, e não que ele dava ações caninas a sua humana.
Mas os dois estão certo, tá, tá. Viu, não é tão óbvio assim :D.
o "arrogante" foi comigo?
ResponderExcluirEra a segunda coisa provável. xDDD
ResponderExcluirComo já disse, ficou legal.
Dino: nossa, que egocêntrico.
seu bobinho.
ResponderExcluirnesse blog, a linguagem um pouquinho erudita é a corrente, e você sabe. então pára.