sexta-feira, fevereiro 15, 2008

Escassez.

Ela gostou do meu presente. Dei-lhe uma obra nunca publicada escrita por mim, concisa, bonita, inteligente, etc. Ela gostou do meu presente.

Resolvi repeti-lo ano passado e repetiu também o gostar. Leu tudo em uma semana e me fez um relatório agridoce (obrigado pelo presente! esse eu achei um pouco mais... mas...).

Tentei mais uma vez agora, mês passado. Ela sorriu de novo para mim, tomou minha cópia encadernada em mãos e perguntou

Quando diabos você vai publicá-los?


Qual a graça de livros inéditos escritos por um autor também inédito?




Muito engraçado da parte dela. Gente espirituosa e sincera é a coisa mais importante do mundo. Mais importante do que nós, impublicáveis.

Eu pensei em mentir e dizer que só não o fazia porque gostava de ser seu escritor pessoal, seu autor único, etc. Mentiras não levam a nada.

Recurvei-me de tristeza e estendi a mão, pedindo o original de volta. Ela teve pena, parece, ofereceu-me seu corpo junto com os papéis. Tudo bem.
Ela já não era inédita.


Eu não peço exclusividade, se ela já foi aceita e requisitada por outros, deve ser boa.

2 comentários:

  1. "Qual a graça de livros inéditos escritos por um autor também inédito?"

    true ;)

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  2. E a vergonha? Aquele texto que você comentou no meu, foi um devaneio, bem rapidinho, já passou! :P

    Muito bom esse texto. :)

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