quinta-feira, maio 08, 2008

Autocrítica 15.

— Então tu veio.

— Vim e vi, se não, não tava encarando essa cara feia que não vale nada de coisa nenhuma; mais: vim pronto verdadeiramente pra o que quer que seja ou que será, que é o que vai ser agora logo. Mais mais: tua vida e tua linhagem acaba toda num só rompante meu e nos meus farfalhares de pistola, cai no chão feito mangaba ou melancia já sofrida de toda desde minúscula. Do chão ao chão.

— Tu não sabe mesmo como calar a boca, Serefim. Ser-e-fim é o teu.

— Que prosa, que prosa, que a minha é de mais valia. Qu’importância se ocê ouve ou faz que tantofaz?, eu é que tô certo no meu caminho e a tua irmã gosta mesmo é de mim, assim de gostaramarmuito. Não vejo, mas venho certocerteza pra cabar co’essa história e ocê vai ver o que é Destino acontecido.

— Deveras te repete, de novo, de novo.

— Que é que é a vida que não repetição? Que é que é a morte que não o fim do tudo-o-mesmo? Quero é metê a bala nocê, por obsequiação minha, porque só tem esse remédio pra besteira boba dela. E o senhor, seu proxeneta, não dá pr’entendê como são as engrenagem da tua cabeça enorme de horrível, porque foi ocê mesmo que...

— Já tá bom, já não basta?

— Basta a besta da tua mãe! Se é coisa a sério cê tem que m’escutá na corretitude: é a morte morrida sem razão de ser.

— Tu é que queria morrer aparecendo por aqui! Não queria te vê nem no inferno-que-Deus-me-livre e tu chega e vem gozar c’a minha cara!

— Gozar? Glossário: cê que quis, ocê que chamou, vim por respeito devido ao seu senhor meu-cunhadinho, porque amizade foi o que foi de mais importante, se é que houve, pra nós e pra mim. Eu e você, irmãos também; ocê quis duelá e chamou e agora eu digo que sim: vim e vejo tua cara qu’é vergonha de maior essência.

— Serefim. Tu devia de ter fugido que foi pra isso que eu quis que viesse. Irmã minha com meu amigo não vale, mas se fugidos fossem...

— Mas ocê pediu fogo e é fogo que tem aqui na minha pistola! Arrenego, Arre Nêgo!

Fez-se fogo: fizeram.

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