sexta-feira, maio 30, 2008

Nane, pode ser?

— Não lhes importava se a história era boa ou não; era mentira, e isso bastava para invalidar meu discurso diante de gente como eles. Meus filhos não gostavam das coisas que eu inventava, diziam que minha língua ia cair com tanta besteiragem. A mãe deles ensinou que mentir era ruim, que tornava as pessoas piores, que não devíamos fazer com os outros o que não queríamos que fizessem conosco. Essa sim é a besteiragem: os gostos variam: eu gostaria que ela tivesse me mentido sobre as noites em que passava fora de casa, mas ela insistia em dar cada detalhe sobre as coxas de seus amantes.

Então ela me largou porque eu escondia os meus casos.

Se a verdade é tão importante, conto logo que seus relatos me excitavam, embora eu ficasse realmente ofendido com tanta sujeira. Procurei outras porque ela me deixava com tesão e logo depois ia dormir: estava cansada por causa dos outros homens – acho. Não contei nada pra ela porque eu sabia que ela não queria a verdade de forma alguma. As pessoas acreditam que o que acreditam é verdade, mas tudo é uma espécie de mentira – especialmente a moral sobre a ética.

O senso comum não é de todos, embora tenhamos que respirá-lo em conjunto. É uma coisa inspirada, introjetada por nós mesmos – não há outra opção. No entanto, a culpa é nossa, se se pode falar em culpa; aceitamos tudo isso cada vez que enchemos nossos pulmões. As idéias, nós que deixamos entrar, ou a morte.

— Já está bom, Amor, as crianças já dormiram.

quarta-feira, maio 21, 2008

iv lost my data coz of you, not so happy deffinittelly I am not.

Our little History used to work in this awkyard way: there was He, which was a Man and despised all his equals for he was into Licterature and all whichnsflfnfnlsnknlsnlllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllll

quinta-feira, maio 15, 2008

Retrato duma artista como jovem.

Meu Diário, hoje foi mais um daqueles dias repugnantes. As coisas são muito inefáveis de tão chatas que chegam a serem pois os meninos continuam infantis como sempre. A Patty e a Cá, disseram que o Alex gosta de mim mas eu não acho... No Verdade Ou Desafio eu não quis beijar ele e aí ninguem quis que eu ficasse mais perto porque eu tenho que brincar direito. Quanta audácia! Foi o niver da Gabriela e o salão todo tava impecável!!! Eu gosto muito dela, Meu Diário, senão eu até ficava com inveja. Os pais dela são muito D+! Mas aí ela chorou um monte também porque o Alex não quis ficar com ela e a Patty e a Cá falam, que a culpa é minha. Meus pais vieram me pegar mais cedo porque estava ficando INSUSTENVEL..... Porque o Pedro não gosta de mim??

Diário, agora já está ficando tarde, despedirei-me. Amanhã eu não sei se vou poder escrever por causa da natação mas já garanto que vai ser diferente e vai acontecer um monte de coisa. Não vou ser mais pusilânime!!!!! Dorme bem, BEIJOS
Lá.

Anapaixão.

Que diferença que faz não ter você?

Subtrai, certeza, ou talvez multiplique pela negatividade ou então. Não é aquela solitude de andar pela Cidade às madrugadas, nos bairros rexidenciais tão negros entre os postes: são as árvores que cobrem a luz.

Querem só para elas.

Eu não sou assim, você sabe, não é? Eu não quero es-pe-ci-fi-ca-men-te você, eu não preciso de sua atenção e de seu carinho, não preciso nunca falar ou ver você. Mas subtrai, mesmo assim, saber que você já não quer ser mais minha.

Eu abdicaria da posse, também.

Era só eu ser seu, era só colocarmonos num só standard, a mesma altura, autossomos. Não precisava ser tão racional assim, também. Que diferença faz? Já foi, não é, mas.

quarta-feira, maio 14, 2008

Proposta literária e/ou Manifesto.

Andreas Müller-Pohle escribió en 1985: "La extensión del manual de instrucciones es inversamente proporcional al grado de automatismo del aparato.".

terça-feira, maio 13, 2008

Uma hora e trinta, AM.

— Não, é que eu não sei dançar, mesmo.

Dá uma volta em torno dos pés e sacode as virilhas e as ancas e te mexe gostosa alegria tão gorda que te toma e toma todas que a noite é feita para gente que tem os cabelos negros sem tintura e sem raiz e que agüenta as pernas tanto tempo como ti.

— Eu quero, mas... Eu não quero, eu não vou!

Te guarda para teu marido. Preserva a tua castidade. Sonha com o bem do homem que cuidará de teu corpo. Não deixes mais nenhum outro.

— Talvez fosse melhor a gente ir dormir...

Às noites, tu te tornas vulto pulsátil, eu não alcanço teus contornos com os olhos, bem que poderia ser qualquer outra pessoa na minha frente. Mas é tu, mas tu és: teus gritos esclarecem.

domingo, maio 11, 2008

Interlúdio histórico: da impropriedade.

Algum dia eu vou te procurar
e só vou te achar
no meu computador
digitando "Mariana"
no google
maps.

quinta-feira, maio 08, 2008

Autocrítica 15.

— Então tu veio.

— Vim e vi, se não, não tava encarando essa cara feia que não vale nada de coisa nenhuma; mais: vim pronto verdadeiramente pra o que quer que seja ou que será, que é o que vai ser agora logo. Mais mais: tua vida e tua linhagem acaba toda num só rompante meu e nos meus farfalhares de pistola, cai no chão feito mangaba ou melancia já sofrida de toda desde minúscula. Do chão ao chão.

— Tu não sabe mesmo como calar a boca, Serefim. Ser-e-fim é o teu.

— Que prosa, que prosa, que a minha é de mais valia. Qu’importância se ocê ouve ou faz que tantofaz?, eu é que tô certo no meu caminho e a tua irmã gosta mesmo é de mim, assim de gostaramarmuito. Não vejo, mas venho certocerteza pra cabar co’essa história e ocê vai ver o que é Destino acontecido.

— Deveras te repete, de novo, de novo.

— Que é que é a vida que não repetição? Que é que é a morte que não o fim do tudo-o-mesmo? Quero é metê a bala nocê, por obsequiação minha, porque só tem esse remédio pra besteira boba dela. E o senhor, seu proxeneta, não dá pr’entendê como são as engrenagem da tua cabeça enorme de horrível, porque foi ocê mesmo que...

— Já tá bom, já não basta?

— Basta a besta da tua mãe! Se é coisa a sério cê tem que m’escutá na corretitude: é a morte morrida sem razão de ser.

— Tu é que queria morrer aparecendo por aqui! Não queria te vê nem no inferno-que-Deus-me-livre e tu chega e vem gozar c’a minha cara!

— Gozar? Glossário: cê que quis, ocê que chamou, vim por respeito devido ao seu senhor meu-cunhadinho, porque amizade foi o que foi de mais importante, se é que houve, pra nós e pra mim. Eu e você, irmãos também; ocê quis duelá e chamou e agora eu digo que sim: vim e vejo tua cara qu’é vergonha de maior essência.

— Serefim. Tu devia de ter fugido que foi pra isso que eu quis que viesse. Irmã minha com meu amigo não vale, mas se fugidos fossem...

— Mas ocê pediu fogo e é fogo que tem aqui na minha pistola! Arrenego, Arre Nêgo!

Fez-se fogo: fizeram.

segunda-feira, maio 05, 2008

Chateaubriand.

Quando eu sinto que o mundo quer me afogar nos valores dele eu corro pra dentro de mim e aí é minha própria idiotice idiossincrática que me espera e eu tenho que fugir para o outro lado e os valores continuam me pressionando como uma pasta de dente e meu interior ainda é tão imbecil quanto antes e eu tenho que questionar ambos os valores e não me venha com esses hegelianismos seus que eu não sou sintético não eu vazo pelos cantos mas os dois lados não conseguem confluir-se de jeito maneira e tudo que eu escrevo agora poderia se chamar Autocrítica 11 mas finalmente eu acabei com isso enterrei os postes diários e a luz elétrica se acabou hoje enquanto um moço-da-tevê dizia que o Ronaldo ainda pode limpar a imagem dele porque aparecer com travestis é um absurdo para um homem importante como ele que ele está estragando tudo que ele fez até aquele dia mas esse sou eu.


Este se chama Chateaubriand.

sábado, maio 03, 2008

Autocrítica 10.

Os Arquivos d'escolha, um a um.

Era uma vez...


A graça dessa, ahn, cronicazinha em Verdana é um início dessa vocação autovoltada que se vê por aqui. O blogue tem poucas coisas tão "transparentes" quanto esse texto. Eu provavelmente não sorri, nentanto.

Crônica (fictícia) rabiscada no caderno.


Esse conto marca a presença de meus gloriosos caderninhos no meu processo criativo. Viagens, praias e família nunca mais foram iguais. Também é curioso que eu acreditasse, na época, que escrevia crônicas ou qualquer coisa do tipo. Marca-se o início dos textos sobre amizade + mulheres.

Crítica lírica.

Definitivamente o melhor texto crítico do blogue inteiro. Minha vocação poética aparece aí.

Resposta à Camila:

É a primeira vez em que eu uso um texto meu misturado com um outro texto e acabam se integrando e tal. O texto acabou servindo para a produção de um curta-metragem. Gosto muito de sua artificialidade.

Se se morresse de amor.


É a primeira vez em que me proponho uma temática e consigo construí-la com sucesso. O texto é bastante divertidozinho. Creio que seja a primeira vez que uso um "pseudônimo" ou algo assim dentro do texto para me identificar.

Osmose - um minuto de tod'a vida.

Gosto das imagens desse roteiro e sinto que a sensação foi passada com exatidão. Além disso, é um dos poucos "casais" femininos que eu já escrevi. Provavelmente não funcionaria como um filme.

A droga de toda a vida.


Já foi o meu texto preferido. Conta bem a história e funciona como um todo. Ok.

Fuja.

Gosto da imagem que imaginei para a Morte. De resto, tem algo de plágio de Discworld e tem um estilo relativamente definido. Não gosto tanto, na verdade, mas há leitores que acham o mais legal de todos os tempos. Não tenho como discordar.

O garoto, a pipa e os bestsellers.

Aqui repito o procedimento do "Resposta à Camila:", mas alcanço efeito muito maior. É um tratado sobre literatura e estilística. Merece muito mais atenção do que recebeu.

Valor


Acabou me ganhando um concurso de literatura (junto com outros textos de sua série). Merece seu lugar aqui, portanto. Ah, há também a temática da criança, outra que vai sendo desenvolvido em alguns textos. A raposa não é uma metáfora.

O amor.

Gosto das imagens criadas por esse texto. Eu acredito nele.

Tique-tique.

Livremente baseado nisso: Turn signals. Também tem imagens muito fortes, para mim. Houve toda a controvérsia em relação a qual onomatopéia seria melhor para o texto. Gosto da força visual dessa que acabou ficando. É uma metáfora para as relações humanas.

Metaverdades.

Esse texto sintetiza toda a série de Autocríticas em 6 linhas.

Som.

Acho que não é o melhor dos "contos concretistas" que eu fiz, mas exemplifica bem como as coisas funcionam. Influência das HQs.

Indícios.


Um projeto que eu tinha certeza que eu acabaria deixando para lá, mas que eu acabei acabando. Quer dizer, o produto-teste acabou se transformando no produto final. Ainda posso fazer alguma coisa sobre isso.

A coisa que não se explica porque não é.


Quando escrevi esse texto, eu achei que só as duas primeiras sentenças eram decentes. Depois percebi que o texto todo funciona muito bem e que eu me orgulho dele.

O Cisne.


Escrito sob encomenda, funcionou.

A derradeira.

O texto tem uma sinceridade que me surpreende. Acho que a forma trabalha bem o conteúdo, acho que funcionou como quis. Talvez seja meu texto mais de gente grande.

no inverno


Vide Autocrítica..

- Como que pode, cara, você e ela não são pessoas que possam se misturar, são i-mis-cí-veis.
- She's unmissable, man, don't mix it up.


Acho que pode ser considerado uma releitura do "Crônica fictícia rabiscada no caderno.". É também uma espécie de manifesto sobre literatura, se você prestar atenção. Também entra pelo mesmo viés do "Autocrítica.". Um dos textos mais completos, talvez o meu preferido, atualmente.

sexta-feira, maio 02, 2008

quinta-feira, maio 01, 2008

Autocrítica 8.

Pressa d'escrever, só pra cumprir cronograma. Dia-a-dia faz que faz, repeteco é a lei, arte-por-arte é ao artista: certeza, certeza, altivo. Shift + E espaço o s espaço a n g l i c i s m o s interrogação Enter (return).

Todo título transforma.